Page 87 - DOENÇA MENINGOCÓCICA - VOLUME 2 - DIGITAL
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OBJETIVOS E ORGANIZAÇÃO DA PESQUISA · CAPÍTULO II - Fatores socioeconômicos e doença meningocócica
Demonstramos, presentemente, na epidemia de Londrina, uma associação
inversa entre nível de renda e frequência de DM, numa população geral urbana.
Não dispomos de dados comparáveis de períodos epidêmicos de outras regiões.
Os estudos referentes a condições sociais, medidos diretamente pela renda
em relação a meningites bacterianas, dizem respeito a ocorrência endêmica e se
realizaram nos Estados Unidos. Assim, FRASER e col., 1973 , em Charleston,
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Carolina do Sul, levantando prontuários relativos a 61 casos de meningite
meningocócica, 59 de pneumocócica e 106 por H. influenzae determinaram
associação socioeconômica na doença pelo Haemophylus. No mesmo ano,
FLOYDS e col., 1973 , divulgaram trabalho relacionando renda média anual,
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por regiões censitárias, com a ocorrência de 156 casos de meningites bacterianas
inespecíficas, relativas ao período de 1963-1971; verificaram que o número de
casos diminuiu com o aumento da renda, porém só entre negros, o mesmo não
ocorrendo com os brancos, embora, no total de casos, a incidência das meningites
tenha declinado entre os de renda igual ou maior a 6.000 dólares anuais. Em
ambas as pesquisas, acreditamos que o número de casos relativamente pequeno,
distribuído endemicamente, por período relativamente longo (o último) e em
vários níveis de renda, possa ter prejudicado a avaliação.
No Rio de Janeiro, NERY-GUIMARÃES e col., 1981 , verificaram maior
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número de casos endêmicos de DM em relação às outras etiologias bacterianas
principais, nas populações de favelas e conjuntos residenciais populares estudados,
o que dá uma medida indireta do nível de renda.
Em relação à morbidade por DM e tempo de residência no mesmo bairro
não há outras observações efetuadas. A verificação da maior prevalência da
doença entre os indivíduos com menor permanência no mesmo local deve
ser avaliada no mesmo bloco de variáveis socioeconômicas ligadas à renda
como decorrência desta. Não nos parece que a condição «tempo de moradia»,
isoladamente, possa ter contribuído, e de forma considerável estatisticamente,
na aquisição da doença, embora podendo facilitar a aquisição e/ou distribuição
de novas cepas de meningococo, tratando-se de famílias recém-vindas de outras
regiões. Desconhecemos, porém, os locais de procedência das famílias residentes
há menos de 1 ano e meio no setor.
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