Page 100 - A Organização dos Serviços de Saúde em Londrina
P. 100
O TRABALHO. HISTÓRICO E DIRETRIZES
quando diz: “Trocados em miúdos, mais vale um processo
permanente de planejamento articulado com o poder decisório,
especialmente em matéria de orçamento e execução, sem que
haja qualquer plano, do que os mais perfeitos e acabados planos
sem um processo permanente que lhes assegure a implantação”.
Como se pode verificar, o trabalho obedece a diretrizes
semelhantes a outras experiências em andamento no país
(PIASS, PPREPS, Sistema Integrado de Saúde do Norte
de Minas), diferindo, no entanto, pelo fato de se dar em um
município altamente urbanizado onde é forte a concorrência
da forma dominante de organização da medicina brasileira, o
que não ocorre com a maioria dos demais projetos, geralmente
dirigidos a populações rurais e desassistidas. Este aspecto deve
ser levado em conta, pois é evidente que as características do
município e da região são fatores determinantes do trabalho
quando se pensa em sua expansão, apesar do mesmo não conter
diretrizes antagônicas às da atual Política Nacional de Saúde,
pois se insere como modelo complementar à organização
dominante no setor, introduzindo muito mais elementos para
sua racionalização, embora os germes de elementos alternativos
à atual organização de serviços também estejam presentes na
sua prática.
No nosso ponto de vista, portanto, a atenção primária
de saúde, a exemplo da medicina comunitária, não se constitui
num modelo alternativo à atual Política Nacional de Saúde,
mas, como salienta o informe conjunto (57) do Diretor
Geral da OMS e do Diretor Executivo da UNICEF, “é muito
mais que uma simples extensão dos serviços básicos de saúde;
abrange fatores sociais e de desenvolvimento e se aplicada da
maneira apropriada influirá no funcionamento do resto do
sistema de saúde”.
77