Page 48 - A Organização dos Serviços de Saúde em Londrina
P. 48
ESTADO E POLÍTICAS DE SAÚDE
para os setores privados da medicina, bem como descaracterizar
as finalidades próprias de organismos representativos – como
é o caso dos sindicatos de trabalhadores – firmando convênios
que lhes atribuem um caráter assistencialista.
2.4.7. Manutenção da dicotomia entre medicina curativa e medicina
preventiva
Esta diretriz permite não só a perpetuação de estruturas
administrativas distintas (Lei 6.229), com evidentes vantagens
para certos grupos de interesses, como facilita, por exemplo,
a legitimação para que se continue concentrando recursos na
medicina assistencial, o que, além de outras consequências, traz
benefícios à indústria farmacêutica, pois reforça a ideologia da
eficácia do medicamento.
2.4.8. Estímulo à ideologia liberal da medicina
Visa nem tanto revitalizar a prática liberal, mas,
sim, obscurecer as diferenças entre médicos empregados,
empregadores e liberais e, portanto, amortecer reivindicações.
Os instrumentos principais de veiculação dessa ideologia são
as Universidades, setores da grande imprensa e determinadas
entidades “de classe” dominadas por parcelas (quando não
indivíduos) minoritárias e não representativas dos médicos.
Exemplificadora desta diretriz e especialmente de dois dos seus
instrumentos é a matéria publicada pelo jornal “O Estado de
S. Paulo”, edição de 22.07.78, durante os dias da greve dos
médicos ocorrida em 1978. “Aceitar a universalização dos
médicos funcionários é contrariar o espírito liberal da classe, é
contrariar a definição filosófica da AMB e da APM, que lutam
pela elevação moral e profissional da classe, contra a posição
25