Page 44 - A Organização dos Serviços de Saúde em Londrina
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ESTADO E POLÍTICAS DE SAÚDE



                  com empresas (industriais, comerciais ou de serviços) que por
                  sua vez contratam serviços de grupos médicos sob a forma de
                  pré-pagamento. Esta última modalidade, embora o 1º. convênio
                  tenha se realizado em 1965, entre o IAPI e a Volkswagen, vai
                  encontrar condições ótimas de desenvolvimento a partir de
                  1967, com a unificação do INPS e com a efetivação do FGTS,
                  que possibilita a dispensa do trabalhador em más condições de
                  saúde (45). Senão vejamos:
                       - a segunda forma, caracterizada pela compra de serviços
                  na área privada, é representada pela extensa rede de hospitais
                  (2.808) e médicos credenciados (15.261) (48). Esta forma,
                  além de dispersar os recursos por um número enorme de
                  entidades e profissionais (dificultando a acumulação de
                  capital), introduz uma forma de relacionamento com o médico
                  que é a de pagamento por unidade de serviço (por ato médico
                  prestado), que além de estimular a especialização é fator
                  indutor de critérios extratécnicos nas condutas diagnósticas
                  e terapêuticas, e maior responsável pelas ocorrências de
                  mercantilização da medicina. São características da prática
                  médica inserida nesta forma de produção de serviços de
                  saúde: elevados índices de internações hospitalares (em
                  1976, segundo R. Stephanes, então Presidente do INPS,
                  houve 600.000 internações hospitalares desnecessárias (49);
                  ênfase no atendimento médico especializado em detrimento
                  da consulta médica geral; elevada permanência médica
                  hospitalar; utilização indiscriminada de técnicas e aparelhos
                  de alta complexidade para diagnóstico e tratamento (p. ex.,
                  as “epidemias” de cesáreas); doentes “fantasmas”; medicação
                  prescrita e cobrada sem, no entanto, ter sido administrada;
                  constantes reinternações nem sempre necessárias do ponto de
                  vista estritamente técnico, o que tem propiciado a cronificação
                  da doença e maior incapacitação social.



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