Page 135 - DOENÇA MENINGOCÓCICA - VOLUME 2 - DIGITAL
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OBJETIVOS E ORGANIZAÇÃO DA PESQUISA · CAPÍTULO III - Portador de meningococo e doença meningocócica
A relação paciente/portador no grupo de não nipônicos, de 1/1.892 portadores,
comparado aos nipônicos, de 1/3.533, favorece a ideia anterior de que a frequência
de exposição ao meningococo avaliada pela taxa de portadores, dependendo da
comunidade, é irrelevante frente à capacidade de resistência à doença. Assim,
pudemos ver que, enquanto os pacientes foram 4,3 vezes menos frequentes na
população nipônica, o número de portadores foi somente 2,3 vezes menor.
Outro aspecto, que não pudemos avaliar, refere-se à variação temporal de
frequência de portadores em associação aos casos da doença, fundamental à
compreensão do processo endêmico. A resposta imune, sem dúvida, se imbrica
a isso, estando definido que condições congênitas específicas e diversas levariam
determinados indivíduos à doença, o que não explica os surtos, exceto se/quando
deficiência de imunidade decorra de situação comum adquirida simultaneamente
por determinado grupamento humano.
Na ausência ainda de vacinas efetivas contra os vários sorogrupos de
meningococo e disponíveis para uso de rotina, vacinações seletivas em comunidades
com situação de maior risco seriam indicadas. O acompanhamento, por análise
amostral, da dinâmica de portadores em localidades sentinelas, representativas de
estratos socioeconômicos, poderia detectar o crescimento ou introdução de novo
sorogrupo ou sorotipo, servindo de alerta para o início de surto.
Além disso, a variação dinâmica da relação paciente/portador em diferentes
comunidades embora não definida e mesmo discutível, poderia gerar quociente
de risco entre diferentes grupamentos humanos e faixas etárias, visando predizer
até que ponto estaria suscetível à ocorrência de DM e que medidas caberiam para
melhor protegê-la na iminência de um surto.
Vigilância dessa natureza não será certamente prioritária para nós, que
não resolvemos ainda o problema de outras graves doenças, de muito fácil
controle (como sarampo, difteria e tétano, por exemplo) que grassam ainda com
altas letalidades e elevados custos humanos e hospitalares. Entretanto, o fato de
não compreendermos, em seu conjunto, os mecanismos cíclicos das epidemias
meningocócicas, nos torna periodicamente vulneráveis a surtos de proporções
imprevisíveis, para os quais, os recursos profiláticos disponíveis ainda são
limitados.
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