Page 134 - DOENÇA MENINGOCÓCICA - VOLUME 2 - DIGITAL
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OBJETIVOS E ORGANIZAÇÃO DA PESQUISA  ·  CAPÍTULO III - Portador de meningococo e doença meningocócica




                1966, referiu que o predomínio de portadores sobre doentes é de 1.000 a 2.000
                vezes, em período endêmico ou epidêmico. Predomínio semelhante verificamos

                em Londrina, 1 caso para 1.600 portadores, na população geral, em período
                epidêmico.
                      Embora se tenha dito que não há regras definidas na relação portador/

                doença, elas certamente existem. E, se não foram ainda determinadas, é por
                seu caráter dinâmico e, sem dúvida, dependente do tipo de população em suas
                características “imune-sociais”. Daí, as observações contraditórias na literatura,
                incluindo proporção de portadores que oscila entre 5%, associada à ocorrência de
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                casos clínicos apud 104 , a 70% 104  e 90% , em comunidades fechadas sem ocorrência
                de doença. Tais estudos, como o nosso, são falhos na medida em que informam
                sobre momentos endêmicos ou epidêmicos, incapazes, porém, de explicar o todo.
                      A relação portador/paciente, ao variar conforme idade e grupo étnico, aponta

                para a provável importância de aspectos imunológicos ligados a características de
                natureza genética e/ou socioculturais para a explicação do evento.
                      Os escolares da população não nipônica em relação aos adultos prevaleceram
                como portadores (36,1%). E, enquanto os adultos foram, na maioria, estudantes e
                profissionais universitários, as crianças procederam de escolas públicas, de certo

                menos aquinhoadas do ponto de vista socioeconômico, menos bem nutridas e
                residindo em condições de maior aglomeração ou de insalubridade. E as crianças
                foram as mais atingidas pela doença possivelmente tanto por incluir maior número

                de portadores, mas por ser ainda, em relação aos adultos, menos aptas a eliminar
                o meningococo em nasofaringe, talvez por uma menor condição de defesa imune
                ligada a uma hiponutrição, entre outras causas. Os adultos mais velhos poderiam
                ter também imunidade remanescente de surto anterior, do período de 1945-1949 .
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                      A  condição  naquelas  crianças  de  serem  mais  frequentemente  portadoras,

                ou seja, mais expostas, funcionaria como arma de dois gumes que, se por um
                lado levaria à imunidade, por outro aumentaria o risco da doença. E, de uma
                forma geral, a exposição ao meningococo talvez aumente o risco da doença

                apenas em populações imunologicamente mais suscetíveis, isto é, de crianças que
                não desenvolveram ainda defesa imune, e de pessoas com deficiências imunes
                congênitas.




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