Page 139 - DOENÇA MENINGOCÓCICA - VOLUME 2 - DIGITAL
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OBJETIVOS E ORGANIZAÇÃO DA PESQUISA  ·  CAPÍTULO IV - Vacinação antimeningocócica e doença meningocócica




                      Da experiência com essa vacina no decorrer desses anos, podemos
                sucintamente afirmar: não produz efeitos adversos regra geral; em lactentes, não
                induz à elevação satisfatória de anticorpos específicos; em adultos, leva a viragem
                sorológica em torno de 90% e os protege quando em comunidades fechadas; na

                população geral, na maioria das vezes, foi responsabilizada pela diminuição dos
                casos endêmicos e epidêmicos, entre vacinados, parecendo auxiliar ao controle
                de  epidemias.  Não  existem  estudos  disponíveis  quanto  a  condições  climáticas

                associadas  à resposta  vacinal. E nem sistemáticos em relação a situações
                socioeconômicas, porém a imunidade à vacina medida pela produção de anticorpos
                bactericidas não tem sido diferentes entre populações diversas.
                      Numerosas dúvidas persistem, entretanto.
                      Com referência à eficácia na indução de resposta imune, a falta de certeza

                quanto ao nível protetor de anticorpos impede a precisão de sua medida. Neste
                sentido, já se mostrou que a resposta sorológica de crianças até os 7anos, ou 10
                anos, é, quantitativamente, menor do que a dos adultos   224, 227 , e não há segurança

                se, qualitativamente, se equivalem.
                      É discutível se seu uso está levando ao aumento da frequência de sorogrupos
                não vacinais; isto, se por um lado, expressaria efetividade, por outro, limitaria sua
                indicação.
                      Ainda não existe consenso no que respeita ao tempo de duração de anticorpos

                pós-vacinais, sobretudo considerando-se faixas etárias.
                      Requer ainda definições a reação imune aos reforços, que se supõe variável, e
                não só com a idade, mas, também, com o polissacáride de sorogrupo; nas crianças

                pequenas, aumenta, talvez, a resposta à segunda dose do sorogrupo A e diminui
                ao polissacáride C , enquanto nos adultos, parece não se modificar.
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                      Quanto à atuação nas epidemias em meio aberto, os exemplos de bons
                resultados apontam sempre a Finlândia, o Brasil e algumas localidades da África
                - Ruanda e Nigéria 202, 223, 225 . Entretanto, as condições nas quais se utilizou a vacina

                e o comportamento da morbidade foram bastante variáveis. Algumas vezes, foi ela
                aplicada em fases avançadas da epidemia   225  e já com tendência aparente à queda ;
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                em  outras,  observaram-se  aumentos  acentuados  da morbidade  no  decorrer do

                seu  uso  e,  posteriormente,  drástica  redução ;  ainda  em outras,  constataram-
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                se diferenças muito pequenas entre o número de casos em vacinados e em


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