Page 129 - DOENÇA MENINGOCÓCICA - VOLUME 2 - DIGITAL
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OBJETIVOS E ORGANIZAÇÃO DA PESQUISA  ·  CAPÍTULO III - Portador de meningococo e doença meningocócica




                      Admite-se maior proporção de portadores em comunicantes familiares, que
                constituiriam o grupo de maior risco de DM. Em período endêmico, GREENFIELD
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                & FELDMAN encontraram 44% de portadores entre familiares de pacientes e
                3% em população não relacionada a casos de doença, e KNIGTS refere entre
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                militares, proporções variáveis de portadores em comunicantes de pacientes, de
                5 a mais de 20%, sem razões especificas; porém, este mesmo autor encontrou
                85% deles entre 47 recrutas comunicantes de um caso de DM e 36,4% entre 11

                comunicantes de uma criança doente, filha de operário. ARTENSTEIN & ELLIS ,
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                estudando população hospitalar, também em fase endêmica, diagnosticaram 18,8%
                de portadores com referência de contato e 19,1% sem referência. MUNFORD &
                col. , durante a epidemia de São Paulo, em 1974, encontraram a taxa de 17%
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                de portadores entre comunicantes familiares que dormiam na casa do paciente e
                3,2% entre os que não dormiam.
                      Tudo faz crer que os resultados, nesse tipo de estudo, possam divergir bastante
                sem causas esclarecidas. Talvez o rastreamento de portadores entre comunicantes,

                a partir do isolamento da cepa do paciente, com caracterização de sorogrupo e
                sorotipo, possa trazer informações mais claras em comparação a portadores não
                comunicantes. É possível também que a nossa amostra (363 examinados) pouco
                represente, mesmo em se tratando de um momento epidêmico, frente à população

                de Londrina e se considerando a intermitência ou mutabilidade da condição de
                portador.
                      Assim, diante de nossos resultados, caberia inquirir:
                      Quantos dos não portadores já teriam albergado o meningococo

                anteriormente? Haveria alguma diferença no estado de imunidade entre os
                portadores e não portadores, no pico do processo epidêmico? E qual o papel do
                portador numa epidemia?
                      É conhecida a associação entre portadores e presença de anticorpos

                bactericidas 58, 59 , mas os portadores representaram na nossa amostra apenas 17%
                de mais de trezentos indivíduos aparentemente saudáveis estudados a partir
                da idade escolar. Ao que tudo indica, desde essa idade, a maioria das pessoas
                normalmente têm níveis considerados protetores (de adultos) de anticorpos

                antimeningocócicos. E, isto, estaria relacionado a prévio estado de portador de
                meningococo ou, eventualmente, de antígenos semelhantes, em algum momento.


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