Page 74 - DOENÇA MENINGOCÓCICA - VOLUME 2 - DIGITAL
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OBJETIVOS E ORGANIZAÇÃO DA PESQUISA  ·  CAPÍTULO II - Fatores socioeconômicos e doença meningocócica




                por domicílio por setor, a qual, sendo uma média aritmética, pode expressar mal
                as oscilações reais. A ampla oscilação da média da renda familiar mensal - de 1,7

                a 11,1 salários mínimos - contrasta com a pequena amplitude de variação média
                de habitantes por domicílio - de 3,2 a 5,9 pessoas - tornando assim essas variáveis,
                respectivamente, mais e menos discriminativas dos padrões socioeconômicos.

                       Não surpreenderam as correlações fracas com densidade demográfica,
                considerando-se que a medida deste dado, ao determinar o número de habitantes
                por quilômetro quadrado, deixa de ser representativa das áreas mais, ou menos,
                habitadas, porquanto não é uniforme a ocupação do espaço urbano. Essa taxa,
                em Londrina, não representou um indicador socioeconômico.

                      Todavia, era de se esperar, numa cidade nova e de economia essencialmente
                agrícola até alguns anos, formada por migrantes tanto brasileiros como
                estrangeiros, a contarem para seu trabalho e progresso com a terra roxa e os

                braços de seus filhos, que as grandes proles tivessem sido inicialmente necessárias
                e bem-vindas. Tal hábito poderia ter se generalizado na população, inclusive na de
                maior renda. Nesta, como uma herança da aristocracia rural brasileira, enquanto
                nas de menor renda pela necessidade dos filhos contribuírem ao aumento do
                ganho da família, básico à sua sobrevivência.

                      Tais considerações justificariam as correlações fracas, não diferenciais,
                observadas entre renda e habitantes por domicílio, mas não a baixa concentração
                domiciliar média observada. Entretanto, verificou-se correlação regular entre

                média de habitantes por domicílio e proporção de crianças de até 14 anos, e
                correlação forte e inversa entre renda e esse grupo etário; ou seja, nos setores em
                geral, quanto maior o número de habitantes por residência, maior a proporção
                de crianças e, quanto maior a proporção de crianças, menor a renda, sem relação
                direta desta com habitantes por domicílio.

                      Isso significaria que o tamanho das famílias não variou significantemente
                com o nível socioeconômico, embora a composição familiar etária fosse diferente,
                isto é, famílias mais pobres com maior proporção de crianças - Figuras II.3 e

                II.4. Tais observações levam a supor que as famílias de renda mais alta tenham
                constituição mais antiga, com maior proporção de adultos, estando associadas
                a maior tempo de moradia no setor, como foi observado; enquanto as de menor




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