Page 108 - DOENÇA MENINGOCÓCICA - VOLUME 2 - DIGITAL
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Discussão




                enfermaria que, no entanto, recebeu a maior proporção de pacientes. Assim
                sendo, ao final do levantamento, excluímos da computação geral o dado relativo à
                confirmação etiológica por ser altamente duvidoso.
                      No presente trabalho, porém, a proporção de falso-positivos entre os

                casos notificados pôde ser avaliada através de estudo de amostragem nas fontes
                notificantes. No entanto, não pudemos calcular a proporção de ausências de
                notificações, ou seja, de falso-negativos; para isso teríamos que contar com arquivo

                nosológico de cada hospital do Município, o que não existe, a fim de compararmos
                o número de casos de DM atendidos com o número de casos notificados.
                      No mês de setembro de 1971 começaram a surgir casos de DM, em Municípios
                vizinhos, frequentemente com quadros de meningococcemia, principalmente em
                zona rural e sob forma de pequenos surtos. Desde então, a Secretaria de Saúde

                do Estado do Paraná, alertada ao problema através do seu 17º distrito Sanitário
                e, a partir de 1973, reforçando seu esquema de vigilância epidemiológica com
                relação à DM, tornou confiáveis os números registrados. A vigilância insatisfatória

                dos Serviços de Saúde associada à deficiente formação médica quanto à atitude
                epidemiológica nos anos anteriores, podem explicar a irregularidade dos processos
                de notificação “compulsória” que, não obedecendo a uma sistemática ampla,
                costumavam flutuar conforme atitudes pessoais de uma ou outra parte o que,
                certamente, embora com menor frequência, ainda ocorre.

                      Em resumo, a partir dos dados de notificação oficial da DM no Município de
                Londrina (Tabela 2) podemos dizer que, de 1965 a 1968, a ocorrência registrada
                está muito abaixo da real, pelos motivos já comentados; que, em 1969, houve

                um grande aumento dos casos notificados de causa não sabida (administrativa?
                relativa à própria doença?); que, em 1970, ocorreu uma queda do número de
                casos, abaixo da metade do ano anterior e que, a partir de então, houve um
                aumento progressivo. Este aumento foi muito grande em 1973, ainda com maior
                diferença em 1974, decrescendo em 1975, mas sem cair às cifras de 1973. Enfim, se

                ignorarmos a elevação dos casos registrados em 1969, pode-se dizer que, a partir
                de 1970, o registro de ocorrência de DM no Município de Londrina apresentou
                tendência crescente e progressiva até 1974.

                      Em relação ao aumento de casos da doença em 1969, poderia equivaler
                a um surto restrito a uma área na qual não teve condições de propagação. No


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