Page 113 - DOENÇA MENINGOCÓCICA - VOLUME 2 - DIGITAL
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Discussão




                que durante os meses epidêmicos de 1970, na Nigéria, o meningococo foi isolado
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                em 88% das meningites purulentas, contra 19%  em meses não epidêmicos do
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                mesmo ano. Observação semelhante foi feita por FAUCON e cols.  a partir da
                epidemia da Cidade de Fès, em Marrocos (1966 - 1967), onde a N. meningitidis
                foi identificada em 95,0% de aproximadamente 1.500 casos de meningites
                purulentas. Já no Município de São Paulo, porém, as proporções de isolamentos
                de meningococo entre as meningites purulentas foram relativamente menores,

                também no período epidêmico. Assim, no ano de 1973, a etiologia meningocócica
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                foi confirmada em 55%  de 5.195 pacientes com meningite (internados no Hospital
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                Emílio Ribas - São Paulo). Porém, admite IVERSSON , que ‘’um bom número
                de meningites determinadas pelo meningococo está incluído entre as meningites

                de causa indeterminada”. Refere TAUNAY  que, conforme muitos autores, “em
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                épocas epidêmicas, todo líquor purulento com exame bacteriológico negativo deve
                ser considerado como evidência presuntiva de infecção meningocócica, até prova
                em contrário”. No Hospital Universitário de Londrina, no período epidêmico de

                1973 a 1975, o meningococo representou 94,2% das bactérias identificadas em
                703 casos de meningites purulentas, nos quais a proporção de não isolamentos foi
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                de 63,2% .
                      Por outro lado, é de se convir que ocorra uma proporção de casos de DM sem

                registros oficiais dos mesmos. Uma investigação feita no Tennessee por FLOYDS e
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                cols. , durante o período de 1963 a 1971, mostrou que deixaram de ser notificados
                17% dos casos procedentes de áreas urbanas e 30% dos procedentes de zonas
                rurais, para isso computando os casos de DM atendidos em todos os hospitais da

                região e comparando ao número referido na estatística oficial.


                      Evolução cronológica da morbidade epidêmica
                      Quanto à evolução cronólogica da epidemia no Município de Londrina,
                observando a Figura 4 (e Tabela 4) consideramos inicialmente que os índices de

                morbidade relativos aos três anos epidêmicos mostraram-se muito altos - média
                do período de 84,79 casos por 100.000 habitantes. Nos meses de janeiro, fevereiro
                e abril de 1973, o primeiro ano epidêmico, o número de casos foi menor que

                o verificado no mesmo período do ano anterior. A partir de junho de 1973, a
                frequência aumentou, de aproximadamente quatro vezes em relação aos meses


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