Page 209 - O ENSINO DA SAÚDE COLETIVA NA GRADUAÇÃO MÉDICA: ESTUDO DE CASO EM TRÊS UNIVERSIDADES DO PARANÁ
P. 209
189
)*
“Em 1998, quando eu entrei, uma das idéias era acabar com a
disciplina, os alunos chegavam lá para conhecer, por exemplo, o
programa de hipertenso, mas a Unidade de Saúde tem o seu dia-a-
dia e não é função da Unidade de Saúde dar supervisão/orientação
para os estudantes. Então eles chegavam e até faziam alguma coisa,
então os próprios alunos criaram um descrédito muito grande em
relação à disciplina. Aí teve o concurso que eu e um colega
acabamos entrando, a gente assumiu a coordenação da disciplina e
conseguimos depois de muita briga com esses médicos, sensibilizá-
los para que ficassem nas Unidades de Saúde e hoje eles são
médicos nossos que estão na Unidade. Quando o estudante chega o
médico está lá, ele faz supervisão, faz orientação, faz a discussão, os
estudantes têm alguém como referencial na Unidade, isso tem nos
favorecido muito”. (PUFPR5)
Esta também é a opinião de um dos estudantes que reconhece a
importância da atenção básica, mas aponta algumas dificuldades operacionais
geradas pela situação um tanto improvisada que se criou com esta mudança:
“A principal fortaleza dessas disciplinas é serem condizentes com
aquela proposta inicial da UFPR que a gente recebe na primeira
semana de aula que é formar o médico generalista, com
conhecimento voltado à comunidade e à resolução de 90% dos seus
problemas de saúde. Eu acho que as disciplinas procuram o tempo
inteiro, especialmente os PAGs, que a gente vá à Unidade de Saúde
e é sempre mais voltada para a realidade do local e ao que pode ser
feito. Mas o principal problema é tentar incutir num acadêmico que
está a poucos anos na universidade, sem noção nenhuma de
comunidade, que é muito importante ele se dedicar à saúde
comunitária em vez de se dedicar às especialidades que são tão bem
vistas e feita tanta propaganda sempre. Eu acho que falta uma base
dos alunos que entram muito novos na Faculdade”. (EUFPR1)
Embora o tema das parcerias com os serviços de saúde tenha
sido pouco explorado nas entrevistas com gestores, professores e no Grupo
Focal com estudantes o que se observou foi o considerável consenso entre os
agentes da instituição sobre a relevância das parcerias realizadas. Em vários
;4
5—+
. <+*
!