Page 209 - O ENSINO DA SAÚDE COLETIVA NA GRADUAÇÃO MÉDICA: ESTUDO DE CASO EM TRÊS UNIVERSIDADES DO PARANÁ
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                                    disciplina,  os  alunos  chegavam  lá  para  conhecer,  por  exemplo,  o
                                    programa de hipertenso, mas a Unidade de Saúde tem o seu dia-a-
                                    dia e não é função da Unidade de Saúde dar supervisão/orientação
                                    para os estudantes. Então eles chegavam e até faziam alguma coisa,
                                    então  os  próprios  alunos  criaram  um  descrédito  muito  grande  em
                                    relação  à  disciplina.  Aí  teve  o  concurso  que  eu  e  um  colega
                                    acabamos entrando, a gente assumiu a coordenação da disciplina e
                                    conseguimos depois de muita briga com esses médicos, sensibilizá-
                                    los  para  que  ficassem  nas  Unidades  de  Saúde  e  hoje  eles  são
                                    médicos nossos que estão na Unidade. Quando o estudante chega o
                                    médico está lá, ele faz supervisão, faz orientação, faz a discussão, os
                                    estudantes têm alguém como  referencial  na Unidade,  isso tem  nos
                                    favorecido muito”. (PUFPR5)


                                    Esta  também  é  a  opinião  de  um  dos  estudantes  que  reconhece  a

                            importância da atenção básica, mas aponta algumas dificuldades operacionais

                            geradas pela situação um tanto improvisada que se criou com esta mudança:


                                    “A  principal  fortaleza  dessas  disciplinas  é  serem  condizentes  com
                                    aquela  proposta  inicial  da  UFPR  que  a  gente  recebe  na  primeira
                                    semana  de  aula  que  é  formar  o  médico  generalista,  com
                                    conhecimento voltado à comunidade e à resolução de 90% dos seus
                                    problemas de saúde. Eu acho que as disciplinas procuram o tempo
                                    inteiro, especialmente os PAGs, que a gente vá à Unidade de Saúde
                                    e é sempre mais voltada para a realidade do local e ao que pode ser
                                    feito. Mas o principal problema é tentar incutir num acadêmico que
                                    está  a  poucos  anos  na  universidade,  sem  noção  nenhuma  de
                                    comunidade,  que  é  muito  importante  ele  se  dedicar  à  saúde
                                    comunitária em vez de se dedicar às especialidades que são tão bem
                                    vistas e feita tanta propaganda sempre. Eu acho que falta uma base
                                    dos alunos que entram muito novos na Faculdade”. (EUFPR1)


                                            Embora o tema das parcerias com os serviços de saúde tenha

                            sido pouco explorado nas entrevistas com gestores, professores e no Grupo

                            Focal com estudantes o que se observou foi o considerável consenso entre os


                            agentes da instituição sobre a relevância das parcerias realizadas. Em vários




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