Page 204 - O ENSINO DA SAÚDE COLETIVA NA GRADUAÇÃO MÉDICA: ESTUDO DE CASO EM TRÊS UNIVERSIDADES DO PARANÁ
P. 204

184

                             )*


                                    quebrou. Os cirurgiões são cirurgiões, eles querem limitar o espaço.
                                    Do outro lado, os clínicos não concordam em carregar o piano. Isso
                                    cria  uma  animosidade  porque  isso  representa  carga  horária.  Na
                                    hora de dividir  a carga  horária,  nós  somos  sócios,  50/50. Mas eu
                                    estou carregando mais, porque elas eram integradas, então quando
                                    se  dividia  a  carga  horária,  Nefrologia  tem  que  ter  aqui,  porque
                                    senão  eles  nem  vão  saber,  não  vão ter  no  curso.  Essa  foi  a  parte
                                    perversa  da  última  reforma  curricular.  Ela  permitiu  que  os
                                    professores viessem menos para a graduação. Eu só tenho que dar
                                    aula tais e tais dias e, ao darem um jeito operacional nele, ele foi
                                    modularizado dentro das disciplinas integradas. Eu vou dar aula no
                                    meu módulo. Estou no meu módulo, eu me mato, mas depois ficamos
                                    tranqüilos, com  isso  nós  criamos  certa  dificuldade  do  aluno  ver  o
                                    professor. O aluno fica insatisfeito porque ele não conhece mais os
                                    professores e eu também não sei mais o nome de ninguém, porque
                                    fico tão pouco com eles e essa é a nossa briga hoje. (GUFPR2)



                                            Os  estudantes  também  gostariam  de  ver  uma  maior

                            integração  do  currículo  e,    em  particular,  os  internos,  reunidos  em  um  dos

                            grupos focais, destacaram que o Curso de Medicina da UFPR não é terminal e

                            tem  na  Residência  Médica  mais  uma  etapa  do  seu  processo  de  formação


                            como se pode observar em um dos depoimentos de uma estudante:


                                    O curso é residência-dependente, segundo a maioria dos internos. A
                                    gente foi doutrinada a acreditar nisso (depender da residência), por
                                    todo  o  curso  somos  levados  pelos  professores  a  escolher  uma
                                    especialidade, a gente não tem a segurança de que vai conseguir se
                                    inserir  no mercado  de trabalho  se não  fizer  residência médica em
                                    alguma especialidade. De preferência bem rentosa. (EUFPR1)


                                    O  depoimento  de  um  professor  também  aponta  as  dificuldades  da

                            reforma  curricular  implantada  desde  1994  e  as  formas  de  superar  os

                            problemas pelo atual Colegiado de Curso, destacando as dificuldades geradas

                            pela  disputa  interna  do  poder  departamental  que  se  reflete  nas  definições


                            curriculares do curso:


                            74  

5— 
8. <+*9
                                

  


:
   199   200   201   202   203   204   205   206   207   208   209