Page 288 - O ENSINO DA SAÚDE COLETIVA NA GRADUAÇÃO MÉDICA: ESTUDO DE CASO EM TRÊS UNIVERSIDADES DO PARANÁ
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São aspectos que, independentemente dos projetos das
escolas médicas, estão vinculados ao financiamento em saúde, razão pela
qual a boa formação médica também está vinculada às políticas públicas de
saúde. Chegamos assim, ao segundo aspecto que interessa aos debates
sobre a graduação em Medicina.
A perspectiva da realidade política diz respeito ao
gerenciamento da Saúde no Brasil, na condução das iniciativas de
implementação do SUS, mas também às razões subjacentes que vêm
sustentando as propostas como, por exemplo, de criação de cursos de
Graduação em Saúde Coletiva.
Se, no primeiro caso, o desafio é a construção de um modelo
democrático de saúde, no segundo, prevalece o perigo do enfraquecimento
das práticas multiprofissionais em nome de um “especialismo” que segrega
profissionais, descaracteriza a complexidade do atendimento à população e
inibe a articulação entre a clínica, a técnica e a consciência médica. Em que
medida esta iniciativa coloca em risco ou enfraquece os movimentos de
mudança na educação médica?
Neste caso, o inevitável empobrecimento do campo da Saúde
Coletiva configura-se como uma verdadeira sabotagem à formação do médico
que, hoje, o Brasil precisa.