Page 99 - DOENÇA MENINGOCÓCICA - VOLUME 2 - DIGITAL
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OBJETIVOS E ORGANIZAÇÃO DA PESQUISA · CAPÍTULO II - Fatores socioeconômicos e doença meningocócica
encontro da pequena variação da média de habitantes por domicílio. A relativa
uniformidade desses dados talvez se explique, em Londrina, pelo grande
crescimento agroindustrial do Município atuando, mais recentemente, na
limitação do tamanho familiar da classe proletária.
No entanto, a densidade demográfica que, na análise das correlações (Tabela
II.5), apenas se correlacionou fracamente com os índices de medida da DM, quando
arrumada pelos grupos de setores correspondeu, inversamente, à distribuição da
morbidade e mortalidade nesses mesmos grupos, o que, a nosso ver, está de acordo
com a observação do espaço urbano de Londrina. Neste, por vezes, grupamentos
de casas mais pobres são vistos a relativamente grandes espaços de intervalo na
periferia, enquanto os edifícios predominam no centro. Contudo, alta densidade
demográfica não significa maior concentração domiciliar cuja determinação, a
rigor, implicaria não só o conhecimento do número de habitantes por cômodo
da residência, mas também a relação entre tamanho do cômodo e número de
ocupantes.
Quanto às classes sociais que constituiriam os grupos de setores admitimos,
à grosseira observação, que a faixa periférica abrigaria uma mistura de população
incluindo, predominantemente, operários, boias-frias e diversos outros tipos de
subempregados; a zona intermediária, próxima à periferia e próxima ao centro,
ficaria com parte da classe operária e outras gradações da classe média, enquanto
nos setores centrais deveriam predominar a classe média alta e a burguesia.
Estas, porém, vêm ocupando ultimamente áreas de alguns setores intermediários
próximos à periferia e periféricos, nos quais, coincidentemente, o comportamento
dos indicadores socioeconômicos e de medida da DM tenderam a não acompanhar
as características mais esperadas àqueles setores, ou a apresentar características
intermediárias -setores 2, 34, 32, 9, 22, 26 – Figuras II.3, II.4 e II.5. Em alguns
desses setores, pequeno número de habitantes de alto poder aquisitivo poderia ter
deslocado a renda média do setor para cima, permanecendo elevada a morbidade e
a proporção média de crianças (setores 32 e 22 - mesmas Figuras). Em outros, nos
quais a renda era média, mesmo com grande proporção de crianças, a morbidade
foi baixa ou moderada (setores 2 e 34).
CARVALHEIRO, 1983 2 6 1 , estudando a distribuição da morbidade epidêmica
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