Page 24 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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O autor rejeita, por ser historicamente ineficiente, a posição
hegemônica do médico tradicional na abordagem da saúde. E, apesar de
indicar que a pesquisa desenvolvida se limita ao estudo dos problemas da
educação médica, não enfoca estas discussões de modo independente da
sociedade que as determina. Pelo contrário, ressalta que os esforços em
saúde não podem ser abordados fora do contexto das novas sociedades,
mesmo se a globalização pretende estabelecer blocos de países mais
fechados e novos grupos socialmente excluídos.
Nesse particular é fundamental destacar a relatividade dos aspectos
incorporados nas diversas situações estudadas, no sentido de que a
multiplicidade de intervenções não constitui opção aleatória, sujeita a
critérios de preferência atribuídos pelos eventuais usuários das mesmas.
Sempre haverá que priorizar a devida consideração da realidade local e
das circunstâncias que mais favorecem o adequado aproveitamento dos
recursos disponíveis, a máxima efetividade das relações técnicas e sociais
e o melhor rendimento dos serviços oferecidos à comunidade, dando
ênfase à responsabilidade dos atores envolvidos e assegurando o alcance
de equidade e justiça social.
Vale, ainda, destacar que, ao tratar todos estes aspectos, o autor não
assume a posição de dono da verdade sobre o tema, propondo soluções
definitivas, senão que busca ampliar o campo de análise e o instrumental
disponível, abrindo oportunidades para um esforço continuado de
aprofundamento dos estudos que se realizam sobre o mesmo. Este livro
não é um tratado sociológico ou historiográfico da educação médica,
mas o Marcio não esquece a importância dessas dimensões ao afirmar
que “contudo, o levantamento bibliográfico mostrou que a história (da
educação médica na América Latina) ainda não está escrita”.
Nesta mesma linha, por havermos acompanhado os diversos
momentos de evolução deste trabalho, é possível testemunhar sobre
a grande preocupação do autor com a veracidade dos fatos históricos
que apoiaram a interpretação do estudo e a procura de justificativas das
orientações adotadas. Esta postura, que realça a credibilidade do relato,
embora obrigatória em trabalhos dessa natureza, contrasta com outras
abordagens, no próprio campo da educação médica, nas quais se pode
observar revisões históricas adaptativas que, na ausência de informações
fidedignas, tratam de ajustar os fatos às explicações que melhor aclaram
as hipóteses preestabelecidas para o estudo.
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