Page 25 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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Nesse realce da importância desta contribuição, é importante
assinalar o destaque que concedeu o autor à influência da dimensão
internacional nas mudanças educacionais na área da saúde. Tal abordagem,
adotada anteriormente, entre outros e com especial habilidade, por Jorge
Andrade em seu “Marco Conceitual da Educação Médica na América
Latina” (1979), tem sido pouco explorada no Brasil. Porém, neste texto,
ela é tratada extensamente, mostrando a grande influência dos centros mais
desenvolvidos sobre o campo da educação médica. Através do trabalho
das associações especializadas, fundações e organismos internacionais,
que aparecem muito antes que a própria ideia da globalização começasse
a ser considerada, essa influência, diga-se de passagem, nem sempre tem
sido a mais benéfica, no contexto dos países periféricos.
Conforme diz o autor: “A hipótese principal do estudo é que as
mudanças na educação médica são possíveis e seu grau de profundidade
depende de certas características das propostas de intervenção,
principalmente de sua consistência teórico-metodológica, da solidez de
sua base estrutural e da pertinência de suas estratégias”.
No instrumental adotado para a exploração dessa hipótese foram
utilizadas novas categorias de análise caracterizando diferentes graus de
aprofundamento das reorientações educacionais. Marcio assim procedeu
com vistas a distinguir o que poderiam ser simples inovações, de mudanças
mais amplas e de reais transformações. Tais diferenças, correlacionadas
posteriormente com a reforma setorial e as reorientações do modelo de
atenção, com enfoques decorrentes do “movimento de promoção da
saúde” e da combinação de atenção primária de saúde com a medicina
geral ou de família, permitiram explorar uma abordagem inédita e bastante
promissora.
A partir desta fundamentação e para efeito de sua apresentação
como tese, o trabalho realiza uma análise comparativa entre situações que
apresenta como quatro propostas diferentes - Projetos UNI, apoiados pela
Fundação Kellogg; “Changing”, da OMS; “Network” da rede de escolas
orientadas à comunidade; e “Gestão de Qualidade”, advogado pela
OPAS. Na realidade, estas não são propostas inteiramente comparáveis,
destacando-se, desde logo, a primeira, única que vem sendo aplicada a
instituições selecionadas e que conta com um aporte financeiro importante,
cuja revisão, no presente trabalho, supera, em extensão e profundidade,
todas as demais.
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