Page 30 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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O aprofundamento vem se dando através da adoção de uma concepção
         do recurso humano como sujeito social, situado historicamente no interior
         de complexas estruturas sanitárias e sociais.
               Embora reconhecendo que o enfoque multiprofissional representa
         um avanço no tratamento das questões relativas aos recursos humanos
         em saúde (rhs), optou-se por recortar a problemática, delimitando o
         tema do estudo à educação médica. Como a categoria médica segue
         sendo hegemônica na equipe e mantém seu papel de destaque nas ações
         de saúde, ela é indispensável à mudança do setor, apesar de ser a que
         apresenta maior resistência.
               Considerando a necessidade de mudanças na educação médica
         frente ao contexto das reformas do setor saúde, definiu-se como objeto
         central do estudo as principais propostas de mudança na educação médica
         surgidas no início dos anos 1990.
               Essas propostas vêm sendo desenvolvidas com graus variados de
         participação por parcela das escolas médicas da América Latina e são: 1.
         Uma Nova Iniciativa na Educação dos Profissionais de Saúde: União com
         a Comunidade - UNI (Fundação Kellogg); 2. Mudando a Educação e a
         Prática Médica: Uma Agenda para a Ação (OMS); 3. Aprendizagem Baseada
         em Problemas em Instituições de Ensino Orientadas para a Comunidade
         (NETWORK); 4. Gestão de Qualidade na Educação Médica (OPS).
               Após alguns anos do lançamento dessas propostas, impõe-se
         a necessidade de maior compreensão sobre suas lógicas, processos e
         resultados. Detecta-se a existência de desconfianças e descrenças quanto
         à validade e possibilidade de sucesso de iniciativas de mudança na
         formação de rhs. Persiste em muitas áreas, especialmente nas relacionadas
         ao planejamento e organização dos serviços de saúde, um pensamento
         determinístico que atribui ao mercado de trabalho a prerrogativa de
         traçar os perfis profissionais e ditar as normas da formação. Há também
         uma certa confusão por parte de autoridades e lideranças universitárias,
         professores e alunos, quanto à coexistência das propostas no cenário
         latino-americano e sobre qual delas adotar.
               Sendo a educação médica um terreno de conflitos e de lutas de
         interesses e de poder, como acontece em toda situação em que convivem
         sujeitos sociais com distintas concepções e compromissos, é importante
         aprofundar a compreensão acerca das propostas. No estudo realizado, as
         perguntas principais que se buscou responder foram: O quê diferencia


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