Page 32 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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e 80, constantemente se esquecia “de uma noção da velha dialética que
         indica que, se por um lado, as coisas ou as estruturas determinam a vida
         das pessoas, por outro lado, são estas mesmas pessoas que constróem as
         coisas, as normas, os valores, as estruturas” (CAMPOS, 1994).
               A incorporação de uma lógica de sujeitos, aplicada ao campo de rhs,
         tem repercussões concretas sobre a formulação, identificação e análise das
         propostas de mudança e muitas vezes pode representar mais um problema
         do que uma solução (CECILIO, 1994). Isto porque se pode identificar esse
         campo como uma verdadeira arena de tensões, onde diferentes sujeitos
         sociais competem, com ou sem regras, para fazer prevalecer suas próprias
         perspectivas de análises e seus próprios interesses.
               No estudo realizado, o termo ator social não assume a conotação
         de representação passiva de algo ou alguém, mas se confunde com o
         conceito de sujeito. Foi utilizado de forma mais relacionada às pessoas
         jurídicas – ator institucional – enquanto o termo sujeito foi mais utilizado
         em relação às pessoas físicas, individuais ou coletivas – sujeito social.
               Esta perspectiva conduz à interpretação de que as múltiplas
         manifestações, análises e propostas existentes no campo de rhs podem
         ser consideradas como resultado das intervenções de sujeitos sociais e
         de atores institucionais que dele participam.
               O poder, a participação, o conflito e a cooperação constituem-se
         em conceitos relevantes na intervenção dos sujeitos sociais no campo
         do desenvolvimento de rhs, ele próprio constituído por sujeitos e suas
         relações. Aliás, esta é, segundo Testa (1992), uma característica não só do
         campo do desenvolvimento de rhs, mas de toda a sociedade, pois não é
         possível definir um limite que a separe do que esta fora dela.
               Nas ciências sociais não se podem estudar problemas sociais
         como objetos isolados. A educação médica, recorte do campo do
         desenvolvimento de rhs, pode então ser entendida como um objeto-sujeito
         em permanente desenvolvimento no contexto de realidades históricas e
         sociais concretas.
               Os sujeitos sociais desenham suas ações, enfrentam conflitos,
         negociam e disputam poder nas estruturas sociais. Estas são totalidades
         articuladas, compostas por conjuntos de relações, internas e externas, que
         determinam a função que cumprem os seus vários elementos constituintes.



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