Page 31 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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as propostas? Quais são suas bases conceituais, estruturais e principais
         estratégias? Quais são seus resultados? Enfim, vale a pena investir esforços
         na mudança da educação médica?


               ArcAbouço conceituAl

               A base teórica e metodológica da pesquisa realizada representa
         mais um arcabouço conceitual apoiado no referencial da medicina social
         do que propriamente a construção de um marco conceitual específico.
         As principais categorias de análise utilizadas são provenientes da área do
         planejamento estratégico em saúde e do campo de saúde internacional.
               Os recursos humanos não são um mero componente de um sistema
         ou um fator de produção, uma vez que eles constituem as próprias
         organizações e são os sujeitos do processo produtivo, que têm, nos fatores
         materiais e financeiros, seus instrumentos de trabalho.
               A recomendação de que “há que superar a ideia de rhs como um
         mero insumo, tal como um recurso material ou financeiro, e recuperar
         a dimensão do trabalho” (PAIM, 1994) muitas vezes não é reconhecida,
         acarretando consequências desastrosas para a gestão das políticas de
         saúde, dos serviços de saúde, da formação de rhs e das próprias propostas
         de mudança em quaisquer dos terrenos exemplificados.
               Afinal, o homem e a mulher se relacionam com a natureza, com
         as instituições e com os outros homens e mulheres, através do trabalho.
         Este constitui o elemento primordial das práticas e, consequentemente,
         de qualquer processo de mudança.
               Fica evidente assim que, neste campo, os objetos de estudo estão
         constituídos por sujeitos. Para se compreender as formas de passagem dos
         recursos humanos de objeto a sujeito, tanto no processo educativo como
         no processo de trabalho, é importante resgatar a contribuição de L’Abbate
         (1994), que conceitua sujeito como “uma pessoa em busca de autonomia,
         disposta a correr riscos, a abrir-se ao novo (...) e na perspectiva de ser
         alguém capaz de perceber seu papel pessoal/profissional/social diante
         dos desafios colocados a cada momento e assumindo-se como um ser
         engajado e responsável pelo que se passa ao seu redor”.
               A noção de sujeito, individual ou coletivo, que nem sempre é
         diferenciada da de ator social, trouxe a possibilidade de renovação das
         perspectivas de análise na área de saúde coletiva, na qual, nos anos 70


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