Page 78 - O ENSINO DA SAÚDE COLETIVA NA GRADUAÇÃO MÉDICA: ESTUDO DE CASO EM TRÊS UNIVERSIDADES DO PARANÁ
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Por causa dessa situação e devido ao peso e gigantismo do
“centro”, ameaçava-se, na época, distorcer a própria proposta de extensão da
cobertura dos serviços médicos, na medida em que se transladava o
componente curativo e assistencial da estrutura do complexo hospitalar para a
“periferia” do sistema.
Assim sendo, as concepções preventivistas, especificamente o
cuidado primário, ao invés de se constituírem nas bases da extensão do
cuidado médico, diluíam-se em formas tradicionais de racionalização ou de
extensão, a baixo custo, da medicina curativa. E a prática comunitária, definida
como a articulação do Hospital Universitário com a rede oficial de serviços,
constituía-se e realizava-se apenas em nível administrativo, sem modificar o
conteúdo assistencial da prestação de serviços.
Será que, 30 anos após a publicação do relatório para a FINEP
dessa primeira Investigação Nacional sobre o Ensino da Medicina Preventiva
no Brasil, poderíamos erguer a pirâmide invertida, que tentava traduzir a
realidade da época e que concluía que a situação predominante era que os
Departamentos de Medicina Preventiva se encontravam em nível de baixa
realização da proposta do movimento preventivista? Ou será que se conseguiu
superar o dilema preventivista com o movimento da Reforma Sanitária
Brasileira, a criação do SUS e a promulgação das Diretrizes Curriculares
Nacionais do Curso de Graduação em Medicina?