Page 74 - O ENSINO DA SAÚDE COLETIVA NA GRADUAÇÃO MÉDICA: ESTUDO DE CASO EM TRÊS UNIVERSIDADES DO PARANÁ
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Os professores orientavam suas práticas acadêmicas e
políticas por um referencial metodológico, nem sempre claramente explicitado.
No entanto, o marco teórico adotado serviu, em larga medida, para auxiliar na
sobrevivência institucional em tempos de ditadura militar e no crescimento
político do grupo, que era muito reduzido no seu início, com menos de dez
docentes.
As características do trabalho desenvolvido pelos docentes em
Londrina não permitiram um nítido enquadramento em qualquer das
classificações propostas na área de Saúde Coletiva, quando da Investigação
Nacional sobre o Ensino da Medicina Preventiva realizada em 1976. Nesse
estudo, o parecer constante do relatório da pesquisa apresentado à FINEP foi o
seguinte:
O Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual de
Londrina constitui, a nosso ver, um caso interessante. Observa-se,
nesta escola, a importância e a penetração que teve a “ideologia
preventivista”. Apesar disso, não existe estruturado um Departamento
de Medicina Preventiva. As disciplinas com “conteúdo preventivista”
estão espalhadas pelo Departamento de “Medicina Geral e Saúde
Comunitária”. A escola de Londrina está desenvolvendo uma série de
trabalhos científicos, cuja temática revela uma preocupação explícita
em adaptar o ensino médico em geral à proposta do MEC e, por outro
lado, tentar uma avaliação real do atual sistema de atenção médica.
Dentre esses trabalhos, merece destaque o Anteprojeto do Plano de
Atendimento de Saúde em Londrina, elaborado pela comissão
formada pelos professores Darli Antônio Soares (presidente), José
Murilo Zeitune e Satoko Kodama, que propõe o seguinte: a
Universidade Estadual de Londrina, através do Centro de Ciências da
Saúde, consciente de sua inserção na realidade, tem enfatizado a
necessidade de formar recursos humanos para o sistema de atenção
médica e de integrar-se com outras instituições prestadoras de
serviços, principalmente a Previdência Social. Por isso, verificando a
necessidade de racionalizar o atendimento médico, principalmente
através do Hospital Universitário, baseada nas recomendações da
OPAS/OMS e da experiência de funcionamento de suas Unidades de
Saúde, propõe esquematizar um atendimento hierarquizado,
respeitando os seus objetivos fundamentais que são o ensino e a
extensão. Esta proposta serve como justificativa para a apresentação
do objetivo prático do plano, qual seja, a instalação de sete Unidades
de Saúde para o atendimento a comunidades de baixo nível sócio-