Page 127 - DOENÇA MENINGOCÓCICA - VOLUME 2 - DIGITAL
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Discussão
mulheres no período de procriação e menopausa, principalmente de condição
socioeconômica baixa. Trata-se de hipóteses que necessitariam de reforço, pelo
menos de bibliografia investigando a associação entre morbidade por sexo e
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grupo etário, que não dispomos. Conforme WINTER apud já tem sido observado
maior risco para o sexo masculino com relação a uma variedade de moléstias,
especialmente as infecciosas.
Morbidade em pessoas de origem nipônica
Como parte da caracterização epidemiológica da DM no Município de
Londrina, tentamos buscar, inicialmente, sua relação com o fator racial, através do
qual poderíamos conhecer a distribuição da doença entre grupos socioeconômicos
e culturais diferentes aos quais ainda está ligado o aspecto cor entre nós 41, 77 .
Isso não foi possível, como já referido, pela cor do paciente não fazer parte da
identificação no registro das Notificações, embora incluída nos Atestados de
óbitos. Nestes, aliás, pudemos ver registradas as mais variadas gamas de cores
desde “branco”, “claro”, até “moreno”, “pardo”, “mulato”, “escuro” e “preto”,
durante o período de onze anos correspondente ao nosso levantamento, nos
atestados de óbito do Município. Compreendemos a dificuldade muitas vezes de
se caracterizar racialmente o brasileiro pela miscigenação da nossa população 39,
77 ; mas não cremos que isso justifique a observação de que, só excepcionalmente,
encontramos no preenchimento do dado “cor” a denominação “negra”, ou nenhuma
vez a denominação “amarela” (nos casos com nome e filiação japoneses). As
mesmas falhas ocorreram também no preenchimento desse item nos prontuários
médicos feitos a partir da observação direta do paciente. No entanto, data de
1940 o primeiro recenseamento nacional no qual está incluída a “categoria racial”
“amarela”, que permanece. Mais recentemente, foi suprimida da “Declaração de
Óbito” a referência da cor (conforme Manual de Instruções para o Preenchimento
da Declaração de Óbito, publicado em 1976 pelo Ministério da Saúde).
Porém, em vista de desejarmos determinar especialmente o valor da ocorrência
da DM na população de nipônicos, expressiva no Município de Londrina, que
supomos menos atingida pela doença, realizamos a estimativa dessa população.
Os resultados obtidos através dos dois métodos que desenvolvemos foram muito
aproximados, tornando-se, a nosso ver, dado confiável às determinações dos
indicadores de medida da DM naquele grupo populacional.
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