Page 147 - DOENÇA MENINGOCÓCICA - VOLUME 2 - DIGITAL
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Discussão




                      Pelo  estudo  amostral,  se apenas  considerássemos como  DM os casos
                notificados com confirmação diagnóstica, a proporção de “notificações falsas”
                teria sido maior que 50%, o que não corresponderia à realidade do evento entre

                nós. Assim, no Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina,
                no período de 1970 a 1976, quando foram internados 877 casos de meningites
                purulentas, a proporção de isolamentos do agente etiológico foi de 36,8% sendo
                que, entre estes, a proporção de meningococo identificada foi de 90,4%. Por isso,

                é válido admitirmos que os casos notificados sem confirmação etiológica e que
                constituíram cerca de um terço da amostra possam equivaler, na sua maioria,
                a casos reais da doença cujo diagnóstico laboratorial deixou de ser feito. Por
                coincidência,  em  trabalho  já  citado,  no qual  se  incluíram  dados do  Hospital

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                Claude-Bernard em Paris, BASTIN, 1965 , relata que de seu levantamento, um
                terço dos diagnósticos de meningite meningocócica não tiveram confirmação
                laboratorial específica, da mesma forma que cerca de 60% dos casos notificados
                procedentes de Paris e Sena.

                      Pelos dados amostrais, apenas 35% dos casos tiveram confirmação
                bacteriológica e em 11% o diagnóstico foi confirmado através do quadro clínico
                de meningococcemia.  Portanto, extrapolando  as observações da amostra para
                o universo  dos casos  teríamos  que,  no Município  de Londrina, 65% dos casos

                notificados não tiveram confirmação específica, cifra esta não muito distante
                da observada em Paris, dez anos antes. No entanto, a proporção de casos cujo
                diagnóstico de DM não pôde ser afastado correspondeu a 32%.
                      Acreditamos,  pelo estudo dos  casos da amostra, que, no Município de

                Londrina, a proporção de notificações improcedentes ou falso-positivas nos anos
                epidêmicos de 1973 – 1975 correspondam a aproximadamente 20%, com base na
                proporção de diagnósticos excluídos entre aqueles casos e supondo representativas
                as observações derivadas do estudo amostral.

                      Por outro lado, não tivemos como avaliar a proporção de casos da doença que
                deixaram de ser notificados. E, considerando esse número poderia ter influenciado
                as taxas de letalidade observadas.
                      A  revisão dos prontuários dos pacientes de origem nipônica permitiu

                evidenciar que dos oito casos notificados de descendentes de japoneses durante
                a epidemia, em seis o diagnóstico de DM foi afastado. Durante os oito anos do


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