Page 150 - DOENÇA MENINGOCÓCICA - VOLUME 2 - DIGITAL
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Discussão




                de viajantes, de regra adultos e predominantemente pessoas de níveis médio a
                alto. Viajantes que (em pequena parte) ao regressar trariam o meningococo em

                nasofaringe, e a partir daí contribuiriam para o aumento da circulação da bactéria
                no seu entorno. Isso supondo que, em período epidêmico, mas, sobretudo antes
                de se eclodir a epidemia, cresce o número de portadores numa dada comunidade.

                      Por outro lado, não seria esperável a dispersão da doença a partir de doentes
                que, como viajantes, retornassem em fase de incubação, e mais ainda se tornarem
                responsáveis pela disseminação epidêmica; embora possam levar a ocorrência
                de casos secundários entre familiares e vizinhos, e até surtos, controláveis por
                quimioprofilaxia de bloqueio.

                      De qualquer forma, para uma progressiva e ampla disseminação de
                doentes, é preciso que haja não só a fonte bacteriana e sua dispersão crescente
                e representada pelos portadores  e também doentes, mas ainda a facilidade de

                exposição a eles de um número grande de suscetíveis. Numa população em período
                epidêmico, embora variável, tornar-se portador não costuma ultrapassar  20 a
                30% da população. No entanto, essas taxas e relações podem depender da entrada
                de novos sorogrupos ou sorotipo em dada comunidade tornando-se capazes de
                levar à ocorrência de surtos ou epidemias. Haveria também a possibilidade de

                crescimento populacional, no período, em maior parte por migrantes vindos de
                outras regiões do País eventualmente mais suscetíveis à infecção pelo meningcoco.
                      A partir daí, para tentar explicar o espaço temporal de mais de dois anos entre
                a ocorrência da epidemia de S. Paulo e de Londrina, podemos elaborar algumas

                hipóteses: Em um período prévio à eclosão epidêmica, a passagem interpessoal do
                meningococo em Londrina teria sido lentificada? E por quê? Por supostas melhores
                condições sociais começando por esses portadores viajantes e seus contactantes?
                Que teriam menores probabilidades de disseminar a infecção/doença para além de

                suas relações? Então nos caberia inquirir como seriam seus locais de residência e
                moradias? Como também entre os que adoeceram, qual o seu padrão de moradia?
                Predominariam ou não crianças entre eles, as mais suscetíveis de adoecer? Sobre
                as quais poderia incidir não só o fator idade, contribuindo fisiologicamente para

                uma menor imunidade residual e diferenciação do sistema imune, mas também
                consequente  ao  desenvolvimento  mais  reduzido  da  imunidade  celular  por




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