Page 149 - DOENÇA MENINGOCÓCICA - VOLUME 2 - DIGITAL
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Discussão




                considerando-se então que a letalidade por DM no Município de Londrina possa
                ter sido ainda mais grave do que revelaram os índices de medida.

                      No entanto, somos mais propensos a crer que as taxas de letalidade obtidas
                dos atestados e das notificações sejam mais confiáveis, não somente porque
                coincidiram, o que poderia ter sido casual, mas, principalmente, por refletirem

                com mais aproximação a realidade terapêutica local.
                      Assim é que, no período de 1970 - 1976, de 877 casos de meningites purulentas
                atendidas no Hospital Universitário de Londrina (que nos forneceu 65% dos casos
                da amostra estudada) a proporção de óbitos foi de 16,1% e entre os 564 casos de
                                                                              66
                etiologia meningocócica confirmada a letalidade foi de 17,5% . Já em outro estudo
                realizado também com pacientes do mesmo hospital onde foram selecionados 254
                casos confirmados de DM (para avaliação retrospectiva de fatores prognósticos)
                                                    83
                a letalidade observada foi de 10,2% . No entanto, dos próprios casos da amostra
                estudada correspondentes a pacientes do Hospital Universitário de Londrina - 41
                casos - verificamos que 29,3% dos mesmos evoluíram a óbito. Ainda, tomando
                o total de casos amostrados - 63 - observamos que a proporção de óbitos nesse
                grupo registrada nas notificações sanitárias foi de 22,2%, contudo, para o total dos
                708 casos notificados essa proporção foi de 16,1%, como vimos, variando mais

                uma vez o resultado com o tamanho da amostra.
                      Por outro lado, a semelhança observada entre os índices obtidos dos atestados
                e das notificações, leva-nos a aceitar que o método de seleção dos diagnósticos

                declarados nos atestados foi rigoroso, quando não satisfatório.





                      4.5 DESDOBRAMENTOS

                      Porque e como a epidemia meningocócica se instalou em Londrina? Como

                se disseminou?
                      Como vimos, a epidemia de doença meningocócica se iniciou em Londrina
                no ano de 1973.  No entanto, em São Paulo, desde 1971, cursava grande epidemia
                da doença, em números absolutos, enquanto, neste contexto, era perceptível

                a  frequente  comunicação  entre  o  Município  de  Londrina  e  São  Paulo,  através




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