Page 119 - DOENÇA MENINGOCÓCICA - VOLUME 2 - DIGITAL
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OBJETIVOS E ORGANIZAÇÃO DA PESQUISA  ·  CAPÍTULO III - Portador de meningococo e doença meningocócica




                      Comparando as proporções dos sorogrupos C (78,3%) e A (21,7%)
                diagnosticados nos pacientes com as dos portadores (respectivamente, 61,3 e

                9,7%), não ocorreram diferenças significantes na prevalência desses sorogrupos
                (p <0,05).
                      Observou-se, portanto, acentuado predomínio do sorogrupo C em relação ao

                sorogrupo A nos portadores e nos pacientes.
                      A superposição da prevalência dos sorogrupos em pacientes e portadores, na
                vigência da epidemia meningocócica com predomínio correlato do sorogrupo C,
                indica uma epidemia por este agente.
                      A frequência considerável também do sorogrupo A falaria a favor do inicio

                de um surto por esta bactéria acompanhando o vizinho processo observado em
                São Paulo onde, a uma epidemia de DM começada anteriormente, em 1971, pelo
                sorogrupo  C, se superpôs, em 1974, um segundo surto pelo sorogrupo A . O
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                contrário seria possível, isto é, tratar-se do descenso epidêmico do sorogrupo A
                e crescente seleção do sorogrupo C, mas é muito menos provável admitindo-se
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                que a epidemia da cidade de S. Paulo  precedeu a do Município de Londrina, e a
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                existência de constante interfluxo entre Londrina e a cidade de S. Paulo .
                      A presença de cepas não grupáveis ou poliaglutináveis em nasofaringe de

                indivíduos sãos, e sua ausência em material de pacientes, estão de acordo com a
                experiência de outros autores 208, 78, 161 .
                      FARREL  &  DAHL,  1966 ,  por  exemplo,  encontraram  10%  de  portadores
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                de meningococos entre  583 adultos  em período  endêmico e verificaram 28,3%
                de cepas não grupáveis entre os mesmos, sendo seus resultados confirmados por
                laboratório de referência através de estudos amostrais.
                      Embora não paire dúvida sobre o nível epidêmico dos pacientes, que
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                estudamos anteriormente desde 1965 , não podemos inferir a existência de
                uma epidemia de portadores desconhecendo  a proporção desses em períodos
                endêmicos da doença.
                      Conquanto ainda não esteja estabelecida a forma de relação entre prevalência

                de portador e de DM, endêmica ou epidêmica, constatamos, em Londrina, nítido
                paralelismo na ocorrência dos sorogrupos A e C em pacientes e portadores de
                meningococo durante fase de epidemia da doença.




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