Page 197 - DOENÇA MENINGOCÓCICA - VOLUME 2 - DIGITAL
P. 197

ABORDAGEM CRONOLÓGICA DA BIBLIOGRAFIA




                Marrocos de 1966-67, “país frio onde o sol é quente”, “país seco onde chove... às
                vezes”, de transição entre a África do Sahel e a Europa Mediterrânea, onde referem

                “quatro zonas de atividade de meningite dependendo, naturalmente, de condições
                climático-sócio-demográficas: mediterrânea, ocidental, oriental e meridional”, sem
                definir claramente os caracteres diferenciais. A cidade de Fés, no Norte, cidade

                encruzilhada, foi particularmente atingida, considerando-se a duração do período
                epidêmico de 14 a 16 semanas, como ocorre, classicamente, na África Saheliana.
                      A fase de eclosão da epidemia, acompanhada por determinações semanais
                de temperatura, umidade e domínio dos ventos, coincidiu com abaixamento da
                temperatura (mínimas abaixo de 10°C e máximas de 20°C), variação da umidade

                (que passou de 40-50% a 70-80%) e domínio do vento Este, seco, no curso do
                qual ocorreram quedas da umidade. No entanto, os autores considerando como
                ideal o climograma médio de país temperado, que inclui temperaturas entre 2

                a 20°C e 70 a 80 graus higrométricos observaram semelhante quadro climático
                na cidade de Fez no ano da epidemia, não podendo dizer que o rigor do clima a
                tenha favorecido. Admitem, porém, que “causas facilitadoras, tais como a queda da
                temperatura e o aumento da umidade, coincidindo com as festas de Ramadan”, nas
                quais ocorrem movimentos e aglomeração de populações, foram responsáveis por

                maior contaminação e, em decorrência, pela epidemia de DM.
                      KENT, 1970 , estudou o padrão da DM em 11 países do cinturão africano
                                  74
                da meningite e na região do Este do Mediterrâneo. Na África, o “pico da doença

                no período de ar seco aponta ao aspecto provavelmente importante representado
                pela secura da mucosa nasofaríngea no desenvolvimento da infecção meningocócica
                manifesta”, embora ao Sul do Sudão, ao contrário do Norte, a transmissão ocorra
                durante as chuvas e pare com a diminuição destas.
                      Na região Este do Mediterrâneo, a DM, endêmica em quase todos os países, é

                mais frequente no final do inverno e início da primavera com aumento de casos no
                mês de abril, geralmente. No decorrer do ano, o clima é variável, com verão quente
                e seco e inverno frio; nesta época, a queima habitual de madeira, principalmente,

                ou de carvão de pedra, para aquecimento, pode contribuir para a irritação da
                mucosa da nasofaringe.
                                        90
                      REY e cols, 1972 , estudando meningites bacterianas em Dacar, Senegal



                                                        195
   192   193   194   195   196   197   198   199   200   201   202