Page 200 - DOENÇA MENINGOCÓCICA - VOLUME 2 - DIGITAL
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ABORDAGEM CRONOLÓGICA DA BIBLIOGRAFIA
BELCHER e col, 1977 , analisando um surto de 152 casos de DM em
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Gana, no ano de 1973, salientaram acentuado predomínio de casos nos meses
de janeiro a abril, com picos em fevereiro-março, correspondentes a menores
níveis de temperatura, umidade e chuvas. Os autores apresentaram como fatores
que contribuíram à eclosão do surto os mesmos considerados repetidas vezes em
relação à África, embora a partir de observações em geral não mensuradas. São
eles: aumento da suscetibilidade da população, sem a ocorrência epidêmica de DM
desde 1961; aumento da aproximação entre portadores de meningococo e “não
imunes”, favorecido pela maior aglomeração no frio em recintos mal ventilados;
menor efetividade da mucosa respiratória como barreira à infecção, associada à
baixa umidade. Nesse aspecto, acrescentaram que, ao norte de Gana, a comida
escasseia na estação fria, conhecida como a “estação da fome”, registrando-se
baixos níveis de vitamina A, cujo papel na resistência inespecífica à infecção em
nível de mucosa é admitido pelos autores, fundamentados em outras observações.
BOSMANS e col., 1980 , descreveram grave epidemia em Ruanda, África,
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país localizado ao sul do Equador (fora do cinturão da meningite) cuja altitude
é de 1.700 m e apresenta longa estação seca entre junho e outubro, quando se
iniciam as chuvas. A epidemia começou em junho de 1977 e continuou no período
das chuvas, estendendo-se pelos dois anos seguintes, ao menos, nas populações
não vacinadas.
WHITE, 1982 apud 251 , determinou, em 40%, a umidade relativa ótima para
sobrevivência do meningococo em ambientes artificiais.
FAOU & TARDIER, 1983 , estudando DM endêmica (por sorogrupo B)
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e portadores em Estrasburgo, França, no período de 1978-1982, observaram
predomínio dos casos clínicos no inverno, em todos os anos, e um maior aumento
em 1980, coincidente com temperaturas anormalmente baixas nesse ano, enquanto
o número de portadores evoluiu inversamente ao de doentes.
IMPERATO, 1983 , descreveu ciclos epidêmicos no Mali, de 1940 até 1981.
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Refere que os picos da epidemia têm coincidido com o meio da estação seca -
fevereiro a abril - quando também se intensificam os contatos humanos pelas
atividades de trabalho, festas e outras, ao contrário dos meses de chuvas. Observa
que a própria população atribui o início das epidemias à estação seca e seu término
à estação chuvosa. Lembra que, além dos fatores climáticos, atuando sobre os
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