Page 58 - DOENÇA MENINGOCÓCICA - VOLUME 2 - DIGITAL
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OBJETIVOS E ORGANIZAÇÃO DA PESQUISA  ·  CAPÍTULO I - Fatores climáticos e doença meningocócica




                no Senegal, a menor prevalência da DM se associasse à maior umidade de seu
                clima. A OMS , em 1973, considerou o papel conjunto da umidade, lesivo para a
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                nasofaringe, e do frio, responsável pela maior aglomeração, na produção de DM.
                LE VIGUELLOUX , em 1979, defendeu o papel do frio, nos países temperados, e
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                da secura do ar, na África, como fatores importantes ao lado de outras condições.
                BELCHER , em 1977, e IMPERATO , em 1983, acreditaram na atuação conjunta
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                do frio e da baixa umidade ao lado de fatores diversos, propiciando os surtos de
                DM na África; lembrou Belcher, que, ali, a estação seca é, também, a “estação da
                fome”.
                      A literatura admite, portanto, que o fator climático, alteraria a mucosa da
                nasofaringe, diminuindo as defesas locais à porta de entrada do meningococo.
                      A alteração da mucosa, normalmente observada em períodos de baixa

                umidade, pode ser resultante também de outros fatores tais como avitaminoses, ou
                viroses respiratórias associadas, às quais, por sua vez, poderia também predispor.
                E, possivelmente, interfira não só com a resposta inflamatória local, mas também

                imune, em nível celular.
                      É discutível a relação entre viroses e DM  e não há estudos avaliando
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                diretamente  DM  e  carências  nutricionais,  embora  se reconheça o  predomínio
                e gravidade  de outras doenças  de porta de  entrada respiratória (sarampo,
                pneumonias e outras) em crianças subnutridas e a prevalência das infecções

                respiratórias nos meses frios do ano.
                      Quanto aos surtos de DM no Brasil, que atingiram quase todos os estados,
                em torno da mesma época do ocorrido no Município de Londrina, não dispomos

                de nenhum  dado de investigação  climática,  exceto da  superposição de maior
                número de casos a meses frios do ano.
                      Concomitantemente, o Município de São Paulo, que apresentou a mais
                importante epidemia, tem o seu clima (mesotérmico brando, superúmido com
                subseca) caracterizado pelas mesmas influências que regem o clima de Londrina    146,

                191 .
                      Ainda que deva ser mais relevante a participação de outros fatores não
                climáticos na ocorrência epidêmica da DM, parece clara, ao menos com

                base estatística, a contribuição da baixa umidade do ar ao processo estudado,
                independentemente dos demais elementos meteorológicos.


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