Page 185 - A Organização dos Serviços de Saúde em Londrina
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a organização dos serviços de saúde em londrina: antigos e novos registros de uma experiência em processo



            instituiu o Programa Saúde da Família no município, cuja prática, por meio
            de dezenas de equipes multiprofissionais, expandiu o modelo de atenção voltado
            à promoção da saúde.

                   Como se vê, no período pós Constituição Federal de 1988, novas
            iniciativas programáticas e jurídico-legais tiveram lugar no município. E isso
            ocorreu, com maior ou menor intensidade, em todos os outros municípios, Estados
            e no País, conforme ficou demonstrado pelos muitos eventos e manifestações
            comemorativas dos 20 anos do SUS, realizados em 2008. Não restam dúvidas
            que, apesar das debilidades, insuficiências e equívocos, o Sistema Local de Saúde
            desenvolveu-se positivamente nesses 40 anos, beneficiando milhares de pessoas,
            contribuindo para elevar o nível de saúde e de qualidade de vida. (...)
                 Em nossa opinião, o SUS em Londrina está numa encruzilhada. O
            modelo assistencial de atenção integral, da promoção da saúde, da equidade e da
            universalidade está estagnado e, sem fôlego para enfrentar o modelo biomédico
            da doença, dá sinais de retrocesso. O modelo de gestão não consegue superar os
            corporativismos, a administração burocrática dos serviços próprios e sucumbe à
            ineficiência e descompromisso, enquanto as parcerias com entidades do Terceiro
            Setor oscilam entre um utilitarismo imediatista e uma privatização camuflada.
            Resultante dessas combinações infelizes vemos crescer a perda de credibilidade dos
            serviços junto aos profissionais de saúde e a segmentos cada vez mais expressivos
            da sociedade.

                   Defendemos e fazemos parte do movimento nacional suprapartidário
            e de caráter interfederativo que preconiza a adoção de um modelo de gestão
            nos marcos da Governança Social. Ou seja, além dos organismos estatais,
            entendemos que as entidades privadas sem fins econômicos (ou não lucrativas)
            podem e devem ser tratadas como mantenedoras de serviços públicos não estatais.
            É a publicização, algo muito diferente da privatização da saúde.

                 Muitas vezes, o discurso fácil “em defesa do bem público” esconde as
            artimanhas da privatização do que deveria ter sido público em seus resultados,


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