Page 165 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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preparados para vários aspectos da prática profissional, tais como:
habilidades interpessoais, aprendizagem contínua, raciocínio clínico e
satisfação profissional (SCHMIDT et al., 1992; FRIEDMAN et al., 1992).
No que se refere aos componentes externos à universidade,
praticamente não há uma construção teórico-conceitual que fundamente
as ações da proposta. Os dois conceitos que se situam neste contexto – a
community-oriented e a community-based education – não são precisos e
despontam como responsáveis, pelo menos em parte, pelas dificuldades
que as escolas inseridas na proposta vêm enfrentando. Tampouco há
qualquer abordagem acerca das relações entre educação dos profissionais
e/ou escola, sistema de saúde e estrutura social.
Do ponto de vista da sua estruturação, a proposta tem muitas
fortalezas e algumas debilidades. Ela tem sua materialidade institucional
consolidada em outros continentes, mas, na América Latina, até o
momento, sua expressão é limitada.
O rápido crescimento do número de membros latino-americanos
da Network, verificado nos anos 1990, indica principalmente o interesse
crescente, por parte de educadores e instituições universitárias da região,
em relação ao PBL. O que não significa, necessariamente, presença
concreta da proposta. A afiliação à rede, em qualquer uma das suas
categorias (membro pleno, associado ou correspondente), independe
da vigência de processos de mudança coerentes com as bases teóricas
e metodológicas da proposta, sendo, portanto, mais representativa do
interesse das pessoas/ instituições pelo tema.
Até o momento, no Brasil e nos demais países latino-americanos,
existem apenas iniciativas isoladas de experimentação do PBL em
disciplinas do curso médico (SANTOS, 1994; SOBRAL, 1994; BARTOSZECK,
1996), com a exceção de três casos – Cali, Marília e Londrina – nos quais,
praticamente todo o currículo dos seus cursos médicos foi reformulado,
tendo por base, ainda que não exclusivamente, o PBL. Tanto em Marília,
cuja implantação se iniciou em 1997, como em Londrina, que se iniciou
em 1998, os projetos pedagógicos contemplam um “mix” entre o PBL e a
metodologia problematizadora (KOMATSU, 1997; UNIVERSIDADE, 1997).
Sabe-se também que a proposta vem chamando a atenção de
instituições que ainda não se filiaram à Network, como a ex-Escola Paulista
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