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Um Fenômeno InternacIonal

               Devido a vários fatores, mas especialmente daqueles relacionados
         ao gasto público crescente na área da saúde e à crise do “Welfare State”,
         projeto de hegemonia desenvolvido pelas classes dominantes europeias
         após a 2  Guerra Mundial, os países europeus iniciaram, na década de
                 a
         80, seus próprios processos de reforma (Almeida, 1995). Nesse período, a
         agenda da reforma pautou-se em: manter a cobertura universal; substituir
         o padrão keynesiano de sistemas de proteção social com eixo estatal;
         desenvolver esforços visando a meta de “Saúde para Todos”, da OMS;
         fortalecer o primeiro nível de atenção e introduzir instrumentos de controle
         global de custos.
               Nos anos 1990 os processos de reforma passam a abranger maior
         número de países e aprofundam suas medidas, voltadas principalmente a
         compatibilizar equidade, eficiência e capacidade de escolha dos serviços
         pela população. Isso, em um cenário de crescimento econômico mais
         lento, de envelhecimento das populações e de contínuo crescimento
         dos custos derivado da crescente incorporação tecnológica na prática
         médico-hospitalar.
               Em um estudo que envolveu 17 países, incluídos os países membros
         não europeus da Organização de Cooperação e Desenvolvimento
         Econômico (OCDE) , classificaram-se as reformas em “evolutivas” e
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          “estruturais”, sendo estas mais radicais em função da ambição dos seus
          objetivos, da rapidez da sua aplicação ou da potência das oposições  que
          suscitaram. As políticas de reforma baseiam-se em equidade, controle
          de custos, incentivos à eficiência, controle de qualidade, formação dos
          médicos (grifo do autor) e capacidade de escolha dos consumidores.
               Os principais aspectos da reforma do setor saúde nos países
          europeus desenvolvidos são: a) centralização nos fatores vinculados à
          oferta; b) orientação voltada a intervir nos serviços de atenção médica,
          devido  à  prioridade  na  contenção  de  gastos;  c)  preservação  dos
          elementos básicos de solidariedade (cobertura universal e financiamento
          majoritariamente público); d) introdução de “mercados internos”
          acompanhada de mecanismos de regulação governamental;  e) tendência
          para separação entre funções de financiamento e de prestação  dos


         1  São membros da OCDE os países europeus da União Europeia mais Noruega, Suíça, Islândia,
            Turquia, Canadá, Japão, Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e México.


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