Page 48 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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aumentando as desigualdades no acesso aos serviços (MÉDICI, 1989; BID,
         1995). A abertura das economias nacionais, os processos de privatização,
         de democratização e de reordenamento das relações Estado-sociedade
         coincidem também com o desenvolvimento  dos  processos de integração
         regional, que abrem novas  oportunidades de  cooperação  (e de conflito)
         entre  os  países,  inclusive  no  campo da saúde.
               Nos anos 1970 e 80, em todos os países, com exceção dos mais
         pobres, surgiu e se desenvolveu uma “indústria” de assistência médico-
         hospitalar com custos que crescem de forma exponencial. Não se tem
         conseguido um controle eficaz desse segmento e a maioria das políticas
         voltadas para reduzir custos vem sendo infrutífera. Inclusive os esforços
         voltados a melhorar a qualidade do seu desempenho vêm tendo resultados
         decepcionantes.
               Vários países, como é o caso do Brasil, desencadearam, ainda
         nos anos 1980, processos de reforma que têm suas origens nos anos
         1970 (ESCOREL, 1998). Mas é na década de 1990 que se intensificam
         em numerosos países os processos de reforma do setor saúde. A
         heterogeneidade histórica, social e política dos distintos países que
         compõem a região condiciona diferentes origens, momentos e processos
         de reforma. Alguns vêm sendo implementados há vários anos e, portanto,
         já apresentam resultados concretos. Outros tiveram início recente e ainda
         não apresentam resultados palpáveis em termos de mudanças.
               Neste cenário, em 1994, a OPS e a Comissão Econômica para
         a América Latina e o Caribe (CEPAL) finalizaram a elaboração de um
         documento (OPS/CEPAL, 1994) que enquadra a reforma no contexto das
         mudanças propostas nas relações entre estado, sociedade e mercado no
         processo de desenvolvimento regional, em busca de economias mais
         sólidas e de sociedades mais equitativas.
               Neste âmbito, a reforma do setor saúde é entendida como sendo
         um processo orientado a introduzir mudanças substantivas em diferentes
         instâncias do setor saúde, em suas relações e nas funções que levam a
         cabo, com o propósito de aumentar a equidade de seus benefícios, a
         eficiência de sua gestão e a efetividade de seus serviços (BID, 1995).

               PrIncIPaIs asPectos das reFormas

               A análise das experiências de reforma evidencia a diversidade dos
         modelos e estratégias adotadas pelos países para alcançar uma cobertura



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