Page 50 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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Com a crescente democratização política nos países da região, os
         processos de reforma têm buscado incorporar maior participação social,
         gerando formas cooperativas de solução dos problemas de saúde e da
         gestão dos serviços.
               As reformas estão introduzindo novas formas de organização e de
         gestão dos serviços, visando melhorar a eficiência e credibilidade do setor.
         Na maioria dos casos está sendo buscada uma nova divisão de funções
         entre o Estado e a sociedade civil na produção e financiamento dos
         serviços. Há iniciativas voltadas à reestruturação dos hospitais públicos,
         inclusive universitários, como empresas sociais, com autonomia de gestão
         e capacidade de recuperar seus orçamentos mediante convênios com a
         seguridade social e o setor privado (PAGANINI & NOVAES, 1994). Buscam-
         se alternativas de organização dos prestadores de serviços e otimização
         do “mix” público-privado. Realizam-se também programas de garantia de
         qualidade a fim de habilitar, categorizar e credenciar os estabelecimentos
         de saúde.
               A maior parte dos países está descentralizando a gestão do setor
         saúde e redefinindo o papel dos governos central, estadual e municipal
         em relação à saúde (PAGANINI & CAPOTE, 1990; NOVAES et al, 1995). Os
         Ministérios da Saúde diminuem suas responsabilidades como prestadores
         diretos de serviços e incrementam suas funções de condução política,
         regulação e avaliação. Recursos e capacidade de gestão estão sendo
         transferidos para as outras esferas de governo.
               Vários processos de reforma têm proposto a necessidade de separar
         as responsabilidades do financiamento setorial das de prestação de serviços
         para assegurar a eficiência, a qualidade e a competitividade no sistema
         de saúde. Para isso criam-se entidades públicas e privadas que têm a
         responsabilidade de arrecadar e administrar os recursos destinados pelo
         Estado, pelas empresas ou pelas famílias para financiar a atenção de saúde.
         Tais entidades têm sob sua responsabilidade a contratação da prestação dos
         serviços sob a forma de “pacotes” de atenção previamente definidos, seja
         com o setor público ou privado, que assumem parte dos riscos financeiros
         da atenção. Em vários casos tem sido estimulada a competição entre
         estas entidades financiadoras de serviços, como mecanismo de oferecer
         alternativas aos usuários e de forçar a diminuição de custos.
               Outro componente importante da reforma do setor saúde refere-se
         aos processos de descentralização, de fortalecimento dos Sistemas Locais
         de Saúde (SILOS), que se constitui em uma tática operativa da estratégia



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