Page 55 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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confundida com a justaposição de dois ou mais setores, sem integração
         conceitual e metodológica entres eles (multissetorialidade), e não vem
         se refletindo, por enquanto, em propostas e/ou estratégias que levem à
         ruptura das barreiras comunicacionais que impedem o diálogo entre os
         diferentes setores.
               E isso não ocorre nem mesmo com relação ao setor educacional, que
         é o mais próximo do setor saúde. Consultando-se os informes apresentados
         à Reunião Especial sobre a Reforma do Setor Saúde realizada em 1995,
         somente nos casos de Cuba e do Canadá encontram-se formulações
         consistentes e aprofundadas quanto à intersetorialidade, nos marcos da
         proposta do movimento de cidades saudáveis.
               Alguns processos de reforma explicitam tendência a mudar os
         modelos assistenciais vigentes, enfatizando a atenção ambulatorial de base
         promocional e preventiva. O raciocínio básico é de que o desenvolvimento
         tecnológico em saúde torna possível a transferência da atenção do âmbito
         dos hospitais para o dos Postos e Centros de Saúde e destes para os espaços
         comunitários e familiares, visando reduzir custos, humanizar a atenção e
         aumentar a comodidade da população. Embora o enfoque adotado seja
         predominantemente de “ambulatorização” de certos cuidados médicos,
         sem questionar o modelo médico hegemônico, o tema da mudança de
         modelo está sendo introduzido nas reformas. Contudo, este é mais um dos
         aspectos controversos das reformas e onde os avanços têm sido menos
         importantes até o momento.
               Um recente documento da OPS (1996b) afirma que “Es peligroso
         dedicarse a perseguir la eficiencia de un sistema (de salud) que no funciona
         cuando se trata de enfrentar las grandes desigualdades. Introducir la
         eficiencia “per se” es consolidar la injusticia, cuando lo que se requiere
         es cambiar el sistema.” Visando sistematizar o processo de ampliação
         da consciência política e científica existente na América Latina sobre as
         áreas críticas e lacunas da saúde pública, com o propósito de favorecer
         a formulação de diretrizes que permitam adotar as decisões necessárias
         a médio e longo prazo, uma importante reunião foi realizada em New
         Orleans, em 1991,  promovida pela Associação de Escolas de Saúde
         Pública dos Estados Unidos (AESP), pela Associação Latino-Americana
         e do Caribe de Educação em Saúde Pública (ALAESP) e pela OPS. Os
         documentos apresentados e as discussões havidas estão registradas em
         uma Publicação Científica (OPS, 1992a).
               A afirmação acima referida faz parte de um dos documentos
         produzidos no contexto desse processo de discussão que vem se


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