Page 56 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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desenvolvendo desde 1991. As análises e reflexões vêm gerando a
configuração de uma “nova saúde pública”, que, além de consolidar a
rica produção intelectual da área (saúde pública, saúde coletiva, medicina
social) existente nos países latino-americanos, vem assimilando as
influências do “movimento pela promoção da saúde”. Este tem por base
o documento de Lalonde (1974) e seu marco inicial foi a 1ª Conferência
Internacional sobre Promoção da Saúde, realizada no Canadá, em 1986,
onde foi aprovada a “Carta de Ottawa”.
A constatação da importância dos determinantes mais gerais da
saúde tem servido como motivação para que a OMS e a OPS valorizem o
tema. Na América Latina, em 1992, representantes de 21 países participaram
da Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, realizada em
Bogotá. A “Declaração de Santa Fé de Bogotá” destacou a relação entre
saúde e desenvolvimento, a necessidade de ações comunitárias, dos
serviços de saúde, de outros setores sociais e de setores produtivos,
postulando a criação de uma “cultura para a saúde”.
Em 1995 realizou-se, no Brasil, o 1° Congresso Latino-Americano
de Secretários Municipais de Saúde das Américas, com cerca de 1.000
participantes de trinta países, aprovando-se a “Carta de Fortaleza”, na qual
os participantes firmaram o compromisso de desenvolver políticas locais
que privilegiem as ações intersetoriais de promoção da saúde. Vale registrar
ainda que é neste contexto que a OMS decidiu criar uma rede de Centros
Colaboradores em Saúde & Desenvolvimento que vem contribuindo para
a produção teórico-conceitual do movimento da promoção da saúde
(Rodriguez-Garcia & Goldman, 1994).
Mendes (1996) trata da construção de um novo sistema de
saúde, a partir de transformações na concepção do processo saúde-
doença (ausência de doença¨qualidade de vida), no paradigma sanitário
(flexneriano¨produção social da saúde), na prática sanitária (atenção
médica¨vigilância da saúde), e na ordem governativa da cidade (gerência
médica¨gerência social). Ao analisar o esgotamento do paradigma da
atenção médica, o autor mencionado defende a “inversão da atenção em
saúde” e explicita os projetos estruturantes dessa nova forma de pensar e
fazer saúde: o do campo da saúde (a cidade saudável) e o do campo dos
serviços de saúde (o distrito sanitário), com suas duas estratégias básicas:
a saúde da família e o consórcio de saúde.
No que se refere à estratégia da saúde da família, que o autor
faz questão de diferenciar da proposta de medicina familiar dos anos
70/80 que, segundo ele, atinha-se à lógica medicalizadora do paradigma
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