Page 262 - O ENSINO DA SAÚDE COLETIVA NA GRADUAÇÃO MÉDICA: ESTUDO DE CASO EM TRÊS UNIVERSIDADES DO PARANÁ
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Neste sentido, esses atores pressupõem que o SUS, como
paradigma, refere-se ao conceito de “SUS democrático”, uma visão social e
utópica de sistema de saúde baseada numa visão também utópica de
sociedade contida na proposta e no projeto da Reforma Sanitária Brasileira
(Paim e Almeida Filho, 2000), uma vez que os docentes, de certa forma,
participaram e participam desse processo de construção do SUS no seu dia-a-
dia (Paim, 2002a).
A diferença entre a perspectiva dos estudantes e dos
professores em relação ao SUS e seus princípios, apesar da sua instituição
jurídica há 20 anos, talvez possa estar mais diretamente relacionada às suas
diferentes representações sociais como fatores que explicam essa realidade,
entendendo-as como “teorias sobre saberes populares e do senso comum,
elaboradas e partilhadas coletivamente, com a finalidade de construir e
interpretar o real” (Oliveira e Werba, 2002).
No caso, se é verdade que os docentes têm maior
familiaridade com o tema, considerando-o como parte de um saber técnico já
incorporado, para os estudantes existe a necessidade de transformar o saber
popular (ou suposto saber) em um conhecimento profissionalmente
constituído, capaz de orientar a postura do futuro médico em face da proposta,
da realidade e dos desafios a serem assumidos.
Percebe-se que os significados e valores dos estudantes em
relação ao SUS são bem diferentes dos significados e valores dos
professores, revelando vários tipos de representações pela falta de
conhecimento sobre a organização dos serviços de saúde nos municípios e as