Page 231 - AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO MÉDICA
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C APÍTULO VI  O DESEMPENHO DOS ESTUDANTES DE MEDICINA EM EXAME NACIONAL



                O uso  de metodologias  ativas no processo  de ensino-aprendizagem
           foi uma das estratégias utilizadas pelo curso para mudar a concepção de
           formação  do  médico  do  modelo  hegemônico  para  o  modelo  voltado  ao
           paradigma da integralidade.

                Entendendo  que para dar esse passo  seria necessário  muito  mais
           que  uma  simples  mudança  curricular,  e  acompanhando  as  tendências  de
           mudança  da  educação  médica,  o  curso  que  já  vinha  introduzindo  novas
           estratégias de ensino no currículo antigo, em função de sua participação no
           Projeto UNI, apostou em uma mudança mais radical, onde a metodologia de
           ensino passou a ser a questão central do processo de mudança.
                A adoção da aprendizagem baseada em problemas, sem dúvida, causou
           o impacto  desejado  e exigiu  de todos,  principalmente  do corpo  docente
           que atuava nas primeiras quatro séries do curso, uma revisão geral de sua
           atuação como educador. A mudança de paradigma da concepção do currículo
           se  expressava na mudança  de concepção  de  educação  imposta  pela  nova
           metodologia.
                Houve todo um investimento na capacitação para que o corpo docente
           pudesse  dar sustentação  às mudanças,  começando  pela própria função
           desempenhada, passando de professor-ministrante a professor-tutor e não
           mais ensinando conteúdos distribuídos em disciplinas, e sim orientando e
           apoiando os estudantes na construção do conhecimento em módulos que
           integravam os saberes de várias disciplinas.
                Esse é apenas um exemplo do que significava a mudança iniciada pelo
           curso, que além de mudar o jeito de ensinar, mudou onde ensinar, e para
           quê ensinar. Como as metodologias ativas de ensino-aprendizagem eram a
           base da mudança, houve na época uma tendência equivocada de se referir
           ao novo currículo do Curso da UEL como um “currículo PBL”. Até mesmo
           pelo protagonismo na mudança da formação médica no país, em conjunto
           com outras escolas médicas, esse movimento repercutiu significativamente
           e “ser” um “currículo PBL” no Brasil naquele momento era como ter um selo
           de qualidade que diferenciava essas escolas das demais.
                Tanto  interna  como  externamente,  essa  ideia  foi  se  fortalecendo
           ao  mesmo  tempo  em  que  as escolas  pertencentes  a esse grupo foram


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