Page 172 - DOENÇA MENINGOCÓCICA - VOLUME 2 - DIGITAL
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INTERAÇÃO DOS FATORES CONSIDERADOS NA ECLOSÃO EPIDÊMICA DA DOENÇA MENINGOCÓCICA




                de casos de DM. No entanto, em período seguinte, após a vacinação de 80%
                dos habitantes do Município, anulou-se a interferência do fator climático sobre
                a ocorrência de casos e tornou-se menor a associação destes fatores com nível
                econômico da população urbana, principalmente entre os vacinados. As campanhas

                de imunização antimeningocócica se associaram à proteção vacinal de 56% dos
                habitantes do Município, admitindo-se que a tendência natural da epidemia
                seria ainda de crescer 1,6 vezes, conforme foi calculado. O inquérito seccional de

                portadores efetuado em momento de alta incidência da doença, seguinte ao acme
                mensal do período, mostrou que 17,4% de 363 indivíduos examinados tinham a N.
                meningitidis em nasofaringe, com menor frequência entre nipônicos e predomínio
                entre escolares não nipônicos; a relação provável paciente/portador no Município
                foi de 1/1.600, com diferença significante entre a população nipônica, com 1/3.533,

                e a não nipônica, com 1/1.892.
                      Para explicar o desencadeamento e a evolução do processo epidêmico de
                Londrina outros questionamentos se apresentaram:

                 - Como se processou o aumento de casos de DM no Município de Londrina, observado
                em 1972, com superação de seu limiar endêmico em 1973?


                      No ano de 1971, registrava-se o início de uma epidemia de DM na Grande São
                Paulo com notícias, em 1972, de múltiplos surtos em vários estados brasileiros,
                aparentemente sem conexão (Rio Grande do Sul, Ceará, Goiás), a que se seguiram,

                em 1973 e 1974, novas e diversas ocorrências em outras áreas - Acre, Espírito
                Santo, Ipatinga - Minas Gerais, Alagoas, Santa Catarina, Pará, além da cidade de
                São Paulo  219, 234 .
                      Apesar da aparente falta de associação entre os surtos, várias vezes admitida 28,

                38, 123 , é fácil supor que o aumento da doença, em Londrina, se tenha relacionado
                ao processo na capital paulista; embora distantes 530 km, registram-se enorme
                intercâmbio comercial entre as duas cidades, com grande interfluxo diário de
                pessoas, através dos diferentes meios de transporte  175, 186 . Por sua vez, dentro do

                Município de Londrina, não podem ser ignorados os movimentos periódicos
                dos “bóias-frias” da periferia urbana à zona rural. Portanto, seria facilmente
                explicável que, da nasofaringe dos viajantes, os meningococos transportados se
                disseminassem pelo Município ao fazerem novos portadores e eventuais pacientes.



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