Page 176 - DOENÇA MENINGOCÓCICA - VOLUME 2 - DIGITAL
P. 176

INTERAÇÃO DOS FATORES CONSIDERADOS NA ECLOSÃO EPIDÊMICA DA DOENÇA MENINGOCÓCICA




                - de enterobactérias de reação cruzada e de infecção recente por novos sorogrupos
                ou sorotipos de meningococo. Contudo, apenas a baixa umidade do ar regular

                e a subnutrição “habitual” não justificariam o aumento epidêmico de casos se
                não aumentasse também o número de suscetíveis expostos ao meningococo; pois,
                nos não imunes o desenvolvimento da doença estaria ligado à infecção recente

                de indivíduos, sem contato prévio e sem condições adequadas de defesa naquele
                momento, e não ao estado de portador atual ou anterior, durante o qual já se
                teriam produzido os anticorpos protetores.
                      Dentro do mesmo raciocínio, alguma eventual modificação no
                comportamento da umidade relativa do ar com baixas mais acentuadas e/ou

                surgimento de grave crise social, poderiam, talvez, ao desequilibrarem o sistema
                ecoepidemiológico, constituir fatores suficientes para o desencadeamento de
                surtos, independentemente da mudança de cepa e/ou elevação do número de

                bactérias circulantes. Estas modificações, por outro lado, numa população bem
                nutrida e vivendo em condições satisfatórias, de certo não levariam à superação
                do limiar endêmico, provavelmente pela boa resposta celular em nível de mucosa,
                que seria menos sensível também à ação da baixa umidade atmosférica. Nesse
                grupo, ligado à maior renda, os casos de doença possivelmente se restringiriam

                aos indivíduos com deficiência imune, de ordem genética, ou eventualmente
                transitória, associada a condições intercorrentes.
                      Em relação a  condições socioeconômicas, idade e sexo, sua influência
                na morbidade epidêmica da DM fora questionada no presente estudo devido a

                algumas observações precedentes, tais como:
                      -  Maior número de casos internados no Hospital Universitário de Londrina,
                      que representou 97% dos pacientes durante a epidemia, em sua maioria
                      correspondente a previdenciários do Fundo Rural - FUNRURAL e não

                                      188
                      previdenciários , portanto, pertencentes a um grupo economicamente
                      mais desfavorecido;
                      - Ocorrência excepcional de DM entre a população de origem japonesa ,
                                                                                                188
                      cujo padrão socioeconômico, ao que supomos, é relativamente elevado.
                      Neste sentido, conforme levantamento que efetuamos, os alunos de origem
                      nipônica constituíam, à época, 21% do total de matriculados na Universidade




                                                        174
   171   172   173   174   175   176   177   178   179   180   181