Page 178 - DOENÇA MENINGOCÓCICA - VOLUME 2 - DIGITAL
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INTERAÇÃO DOS FATORES CONSIDERADOS NA ECLOSÃO EPIDÊMICA DA DOENÇA MENINGOCÓCICA
imune, do tipo humoral, ao antígeno polissacáride. Esta resposta, porém, surge
progressivamente com a idade, de forma natural, conforme está determinado.
Assim, GOLDSCHNEIDER, GOTSCHLICH & ARTENSTEIN 58, 59 observaram
entre crianças de 2 a 12 anos aumento normalmente crescente - 5% ao ano - da
presença de anticorpos bactericidas no soro.
A resposta imune celular à DM, uma vez admitida 218, 229 , poderia também
ser mais baixa entre as crianças pequenas, principalmente se afetadas pela
desnutrição, nelas mais frequente e mais grave.
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FAUCON & ZANNOTTI creem que uma epidemia se interrompe quando
a imunidade coletiva atinge um grau suficiente para limitar o número de
suscetíveis e a duração do tempo de portador. Mas, por outro lado, não sabemos
precisamente em que proporções adoecem os adultos e as crianças previamente
desprovidos de anticorpos, mas apenas que esta condição, rara em situação
endêmica, eventualmente se pode tornar várias vezes mais frequente, e responder
pelo aumento epidêmico dos casos.
A questão poderia equivaler de certa forma ao que ocorre nas populações
mais ou menos uniformes de bem nutridos recrutas americanos ou europeus, em
que são muitos os que adquirem a infecção subclínica em relação aos raros que
apresentam DM. Mas, por que estes adoecem?
Têm-se associado formas graves, ou DM de repetição, à ausência de elementos
da resposta imune humoral de ordem genética 49, 107, 169, 222, 259 , considerando-se
mesmo que, embora não se evidencie imunodeficiência determinável na maioria
dos pacientes, a existência de doença deve-se ligar à incompetência do sistema
imune, embora tênue e específica .
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O predomínio da DM no sexo masculino, principalmente em crianças
e em particular nas de 0 a 1 ano, comprovaram em Londrina, mesmo de
forma indireta, o caráter genético de suscetibilidade à moléstia associada ao
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sexo . A predisposição genética, familiar ou ligada ao sexo, seria, talvez, fator
preponderante na ocorrência endêmica dos casos. Mas, o aumento da circulação
do agente aumentaria a chance de infecção de um maior número de indivíduos
com deficiência genética justificando certo aumento, difícil de precisar, do número
de casos.
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