Page 181 - DOENÇA MENINGOCÓCICA - VOLUME 2 - DIGITAL
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INTERAÇÃO DOS FATORES CONSIDERADOS NA ECLOSÃO EPIDÊMICA DA DOENÇA MENINGOCÓCICA




                de aglomeração, mesmo na ausência de considerável população de crianças.
                      Já o frio, que poderia predispor à aglomeração, conforme se pensa ao associá-
                lo à DM, não tendo se correlacionado à morbidade por essa doença na epidemia

                de Londrina, possivelmente não levou ao aumento significante das condições
                de ajuntamento familiar, que devem, ali, existir ou não, independentemente dos
                meses frios. Nestes, com frequência considerável, se verificaram taxas baixas de
                umidade relativa do ar, fator, em si, talvez mais importante que a aglomeração na

                predisposição ao surto de DM.
                      Dir-se-ia, contudo, que, na vigência de: pobreza, elevada proporção de crianças
                e baixa umidade atmosférica, quanto maior a circulação de cepas patogênicas,
                possivelmente maior será a chance da doença. Entretanto, em locais onde uma

                ou todas aquelas condições faltem, mesmo em presença de maior circulação do
                agente, é possível que predominem os portadores sobre os doentes, aumentando
                os imunes na comunidade.
                      Quanto à vacina polissacarídica antimeningocócica A + C, na epidemia de

                Londrina, mostrou-se capaz de proteger 70% dos vacinados e 56% da população
                no Município, após cada campanha. Isto significa que evitou cerca de 330 casos e
                50 óbitos por DM.
                      A falta de proteção dos 30% que adoeceram se poderia dever, em parte, à

                relativa baixa imunogenicidade do antígeno disponível e, em parte, corresponder
                àqueles que, sem motivo aparente, respondem mal a esse estímulo antigênico. Nesse
                sentido, WHITTLE  e col. apresentaram interessantes resultados vacinando com
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                polissacáride meningocócico do sorogrupo A e toxoide tetânico, 29 ex-pacientes de

                DM por esse sorogrupo, 26 parentes próximos e 39 não familiares, todos adultos;
                verificaram que enquanto as respostas ao toxoide não divergiram nos três grupos,
                os ex-pacientes e seus irmãos mostraram níveis significantemente mais baixos de
                anticorpos hemaglutinantes específicos contra a vacina antimeningocócica.

                      Vimos que, na faixa de 3 meses a 2 anos a proporção de casos de DM, após
                a 2ª campanha, aumentou. Desconhecemos, ao certo, as causas disso, aventando,
                porém, a possibilidade de inibição imunológica por uma eventual segunda dose
                do antígeno, admitida em relação ao polissacáride C   108, 136, 181 .

                      Por outro lado, BINKING & BAND  referem que em Bamako, Mali, na
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                África, a letalidade foi menor em vacinados que adquiriram a DM em relação a não


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