Page 179 - DOENÇA MENINGOCÓCICA - VOLUME 2 - DIGITAL
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INTERAÇÃO DOS FATORES CONSIDERADOS NA ECLOSÃO EPIDÊMICA DA DOENÇA MENINGOCÓCICA




                      Ao que tudo indica, a resposta imune na população é proporcional à faixa
                etária estando ligada à sucessão de estímulos antigênicos de efeito anamnéstico.
                Refere-se, no adulto, imunidade resultante do estado de portador em 92% específica

                à cepa homóloga e em 87% à heteróloga, medida por anticorpos bactericidas do
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                soro .
                      É possível admitir que todos aqueles que adoecem, configurando epidemias,
                sejam  selecionados  por  alteração  ou insuficiência,  não  só congênita, mas

                principalmente adquirida, dos mecanismos de defesa ao agente etiológico, ainda
                mais se admitindo que esses mecanismos também sejam de natureza celular, e
                assim, um conjunto de fatores propiciadores.
                      Quanto aos estudos de portador, aglomeração e outras interações, esses

                dados certamente devem variar com o tipo de comunidade e, num mesmo grupo
                social, com a faixa etária, esta, provavelmente associada com mecanismos de
                exposição e seleção natural.
                      Ressaltamos que não se definiu ainda relação clara e muito menos correlação

                numérica entre proporção de portadores e ocorrência de surtos, cujas divergências
                observadas podem decorrer das diferenças de metodologia e contextos das
                pesquisas.
                      A morbidade por DM já foi relacionada diretamente a uma maior densidade

                demográfica ou domiciliar  34, 74 , tendo-se afirmado ser a doença menos frequente na
                zona rural, ou até que não existiria ali em forma epidêmica; entretanto, diversos
                estudos não confirmaram tais relações.
                      No  Município  de Londrina verificáramos,  previamente,  epidemia  de

                considerável morbidade na zona rural, embora menos elevada que na urbana,
                grande predomínio da doença até a idade de 14 anos e baixa frequência entre
                nipônicos e descendentes , justificando esses achados, a investigação efetuada
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                de portadores nesses mesmos grupos. Lamentavelmente, não pode ser feita uma

                avaliação longitudinal das taxas de portadores, o que propiciaria correlação
                mensal com o número de casos.
                      A verificação da correspondência significante dos sorogrupos A e C em
                pacientes e portadores, assim como da menor relação paciente/portador nos grupos

                de nipônicos e de adultos não nipônicos, sugerem possível relação direta entre
                taxas de doentes e de portadores, pelo menos no momento do ápice epidêmico.


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