Page 183 - DOENÇA MENINGOCÓCICA - VOLUME 2 - DIGITAL
P. 183
INTERAÇÃO DOS FATORES CONSIDERADOS NA ECLOSÃO EPIDÊMICA DA DOENÇA MENINGOCÓCICA
até o esgotamento de grande parte dos suscetíveis; a partir daí, decorreria queda
progressiva dos casos clínicos com aumento, e estabilização a seguir, da relação
portador/doente.
A literatura refere que os períodos interepidêmicos seriam, em média,
de 6 a 12 anos, correspondentes ao crescimento dos não imunes na população
em decorrência da menor exposição ao meningococo 12, 219 . Isto estaria ligado,
evidentemente, à queda da incidência da doença e da taxa de portadores. Admitimos
que essa fase possa permanecer por tempo proporcional não só ao surgimento e
crescimento dos novos suscetíveis até um nível critico, mas à conjunção desta
situação com os outros fatores favorecedores.
Campanha de vacinação antimeningocócica atuaria acelerando o processo
de esgotamento dos suscetíveis, mas a proteção por ela conferida, medida pela
duração do nível de anticorpos bactericidas em vacinados, não ultrapassaria, em
média, a 12 meses 140, 226, 227, 256 . Provavelmente não interfira no nível de portadores
e, neste sentido, predominam os achados 65, 203, 223, 225 .
Assim, seriam necessários à produção epidêmica de DM não só o
empobrecimento progressivo da população, não só o fator climático favorável
e, certamente, não só o aumento de não imunes, nem a crescente exposição ao
agente da doença; mas à interação de todas essas condições, e outras talvez que
não conseguimos alcançar, atuando com diferentes pesos, nos diferentes grupos
populacionais. Além do mais, ao se implantar um surto, a dinâmica do seu curso
- sua distribuição e intensidade - certamente estará preferencialmente associada
aos perfis sociais preexistentes.
Em nosso estudo, a vacinação antimeningocócica certamente interferiu em
algumas dessas condições durante o processo epidêmico que, porém, não logrou
interromper. Evidentemente a vacina polissacarídica, ainda a única disponível,
embora distante do ideal teve papel considerável no controle da epidemia de
Londrina, mesmo não tendo sido utilizada precocemente, nem planejada para
cobrir a totalidade da população.
Lamentavelmente, frente a um processo epidêmico, não podemos contar
173
com nenhuma outra arma profilática, embora CHESTER e col , em 1975,
descrevessem um surto inicial de DM por meningococo B sensível à sulfa, numa
181