Page 182 - DOENÇA MENINGOCÓCICA - VOLUME 2 - DIGITAL
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INTERAÇÃO DOS FATORES CONSIDERADOS NA ECLOSÃO EPIDÊMICA DA DOENÇA MENINGOCÓCICA




                vacinados. Esta experiência difere da nossa em Londrina em que não observamos
                diferenças clínico-laboratoriais entre casos confirmados de DM em vacinados e

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                não vacinados atendidos no Hospital Universitário durante o surto da doença ;
                também pudemos demonstrar, no presente trabalho, que na população geral do
                Município, as taxas médias de letalidade, nos períodos pré e pós-campanhas,

                foram iguais - de, respectivamente 16,74 e 16,71% (Vide Anexo I.2).
                      Verificamos ainda que, após as campanhas de vacinação, os casos de DM
                entre os vacinados, embora continuando com predomínio moderado nas áreas
                de menor renda, não se correlacionaram ao nível econômico, ou seja, que a
                ausência de resposta à vacina antimeningocócica ocorreu indiferentemente

                aos extratos socioeconômicos. Essa observação está de acordo com a hipótese
                de que a imunidade humoral, induzida por vacinas em geral, independeria das
                condições  nutricionais  e,  assim, do  padrão  socioeconômico, considerando-

                se os desnutridos capazes de produzir resposta, e até mais intensa, em nível
                humoral . Especificamente em relação à vacina antimeningocócica estes estudos
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                são incipientes. Contudo, WEIBEL e col.  observaram níveis mais baixos de
                anticorpos pós-vacinais em porto-riquenhos em relação a americanos, embora
                MORENO e col. , no Chile, não encontrassem diferenças de resposta sorológica
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                à mesma vacina entre escolares de escolas públicas e privadas, nem quanto ao
                sexo.
                      Mais difícil explicar por que a baixa umidade do ar deixou de se correlacionar

                ao aumento da doença nos períodos pós-vacinações, enquanto a renda manteve,
                embora com menor força, sua associação com morbidade.
                      Isso sugere que o fator social possa ter sido mais importante que a baixa
                umidade do ar na evolução do processo epidêmico de Londrina, embora ambos
                possam ter interferido no desencadear do mesmo, isolados ou associadamente.

                      Ao que parece, para dada população, haveria um ponto ótimo de deflagração
                de um processo epidêmico correspondente à conjunção de eventos favorecedores
                coletivos - climáticos e sociais; com aumento talvez concomitante de circulação

                do meningococo participando do eclodir do processo; disto decorreria elevação
                do número de doentes e ainda de portadores. Os mesmos fatores associados
                facilitariam a propagação da doença e a sua manutenção em números elevados




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