Page 174 - DOENÇA MENINGOCÓCICA - VOLUME 2 - DIGITAL
P. 174

INTERAÇÃO DOS FATORES CONSIDERADOS NA ECLOSÃO EPIDÊMICA DA DOENÇA MENINGOCÓCICA




                - Como, quais e por que os indivíduos, uma vez expostos ao meningococo, adoe-
                ceriam, ou se tornariam imunes? Com envolvimento e/ou imbricações de clima,
                condições socioeconômicas, faixas etárias e sexo, estado de portador, concentração
                domiciliar, vacinação?

                      Essencialmente, os fenômenos imunitários e a circulação do meningococo

                permeiam todo o processo epidemiológico.
                      Partamos do princípio de que as pessoas em plena capacidade de resposta
                imune - a maioria - ao contato recente com o meningococo responderão com

                produção de anticorpos, e não adoecerão. A minoria - os pacientes - diferirá daqueles
                constituindo os, inequivocamente, suscetíveis. Já sabemos que, nos doentes em
                geral, não se detectam alterações imunológicas com a utilização dos parâmetros
                diagnósticos disponiveis 159, 169 , mas, sabe-se que o mesmo sorogrupo ou sorotipo
                que produz infecção subclínica em um indivíduo, é capaz de produzir a doença em

                outro. Alterações transitórias da reação imune são admitidas por várias causas,
                inclusive estresse, referindo-se, por exemplo, associação entre casos de DM e estafa
                física . SANDERS & DEAL  admitem que, além da ausência de anticorpos, há
                                            77
                      8
                outros determinantes de suscetibilidade à DM (alterações anatômicas, deficiência
                de imunoglobulina secretória, infecção viral precedente ou concomitante), pois
                nem todos os expostos sem anticorpos prévios adoecem. A problemática está mais
                provavelmente ligada à resposta do hospedeiro do que a possível virulência do
                agente ou a condição de portador em si. Até hoje não se definiram características

                de virulência da N. meningitidis , embora se tenha observado maior frequência
                                                 63
                do sorotipo 2 nos pacientes de DM pelos sorogrupos B, C, Y e W135 e do sorotipo
                9 nos casos determinados pelo sorogrupo B, em comparação com a ocorrência

                dos mesmos sorotipos, 2 e 9, em portadores ; mas, em relação ao sorogrupo A,
                                                              179
                potencialmente epidêmico, nenhum fator de virulência foi associado. Há quem
                atribua a virulência à cápsula polissacarídica pelo fato dos meningococos não
                aglutináveis (não grupáveis) se acharem em portadores, com relativa frequência,
                e não serem diagnosticados em pacientes, de regra .
                                                                    165
                      Se  considerarmos  o  papel  da  imunidade,  incluindo  a  celular  218,  229 ,  e
                da resposta  inflamatória inespecífica  entre os mecanismos de defesa ao
                                                        157
                meningococo, poderemos talvez explicar as associações da morbidade por DM

                com baixa umidade do ar, nível de renda e faixa etária.


                                                        172
   169   170   171   172   173   174   175   176   177   178   179