Page 121 - A Organização dos Serviços de Saúde em Londrina
P. 121

a organização dos serviços de saúde em londrina: antigos e novos registros de uma experiência em processo



                 5.5. Política Fiscal e Política Orçamentária

                 Do ponto de vista econômico-financeiro ocorre
            provavelmente o mais sério obstáculo à ampliação e mesmo à
            manutenção da experiência em desenvolvimento em Londrina.
            Com efeito, as dificuldades nesta área não constituem novidade
            e muito menos para aqueles que têm responsabilidades
            administrativas de nível municipal. As características do modelo
            de desenvolvimento econômico vigente atualmente no país,
            extremamente  centralizador,  têm  acarretado  o  esvaziamento
            financeiro das Prefeituras. Como observa Figueiredo Ferraz
            (24): “Os municípios brasileiros, em média, se desconsiderando
            o ICM e o FPM, de origem externa, contam com uma receita
            tributária bruta própria, da ordem de apenas 5% da arrecadação
            tributária nacional. (...) Se, a rigor, os municípios constituem
            a área física onde se desenrolam todas as atividades nacionais,
            seria lógico que a parcela maior de suas receitas adviesse da sua
            própria tributação então ampliada e não através do mecanismo
            de transferência, uma espécie de doação – oriunda das esferas
            Estadual e Federal. Este percurso, com saída de grande volume
            de recursos e com retorno minguado, vinculado e controlado,
            castiga e bloqueia o município. Não raro, o retorno se dá
            também através de empréstimos duramente conseguidos em
            organismos oficiais; e de recursos que, aliás, tiveram origem no
            próprio município, para produzir benefícios mais modestos,
            dada a desvalorização pela inflação.” Logicamente esta situação
            acrescenta dificuldades à atuação do setor saúde municipal,
            como, por exemplo, a destinação que geralmente as Prefeituras
            (a de Londrina, inclusive) acabam fazendo dos 10% para saúde
            e saneamento do FPM; uso integral em obras de saneamento.
            Como reflexo dessa situação, em documento (12) apresentado
            e discutido na VI Conferência Nacional de Saúde, o Ministério
            da Saúde propõe que os governos municipais, por intermédio



       98
   116   117   118   119   120   121   122   123   124   125   126