Page 150 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
P. 150
modelo de análise” acerca da educação médica e suas relações é bastante
limitado. As relações internas não são abordadas e, no que se refere às
dimensões externas, não há menção às estruturas sociais e à influência
das relações internacionais no campo da saúde, o que é, até certo ponto,
incompreensível, dada a origem da proposta.
Embora haja o reconhecimento de que as relações entre educação,
prática médica e sistema de saúde são importantes para o estabelecimento
de planos de intervenção, em nenhum momento se aprofunda na análise
das determinações entre estas dimensões. Apesar disso, em certos textos
se detecta um enfoque de subordinação da educação em relação à forma
como os serviços de saúde estão organizados e, consequentemente, à
prática médica.
Por outro lado, o conceito de “responsabilidade social” da escola
médica, ao empregar as categorias relevância, qualidade, custo-efetividade
e equidade de uma forma criativa e internamente coerente, permite que se
vislumbre um novo patamar teórico-conceitual para a proposta. Na medida
em que este conceito serve como referencial para o desenvolvimento
dos trabalhos de um dos grupos de pesquisa, sua aplicação, processos e
resultados futuros podem resultar na superação de algumas das lacunas
apontadas.
Do ponto de vista de sua estruturação operacional, a proposta
apresenta algumas fortalezas e muitas debilidades. A implantação e
desenvolvimento da “Changing” não chegou a desencadear, até o
momento, processos e resultados significativos nos países da América
Latina. Pelo que se depreende da leitura do seu boletim informativo a
situação não é diferente nas demais regiões do mundo onde, em razão
da inexistência de representações regionais mais estruturadas (a OPS é
exceção), a OMS atua diretamente através da sua sede em Genebra e,
com menor ênfase, através dos seus escritórios regionais.
De uma certa forma, a proposta vem conseguindo construir uma
materialidade institucional, pois houve uma rápida ampliação do número
de Centros Colaboradores da OMS em Educação e Prática Médica em
todas as regiões do mundo. Alcançou-se, inclusive, a meta de identificar
e credenciar quatro instituições latino-americanas. Contudo, não há
iniciativas de articulação das suas ações por parte da coordenação da
proposta Changing. A publicação e distribuição, em português, do boletim
122 123