Page 210 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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cursos da área de  saúde não estão sendo suficientemente acompanhadas
         e apoiadas, apesar de se reconhecer seu caráter estratégico para o futuro
         da área”. Neste sentido, os autores apresentaram a proposta de criação
         de uma Rede interinstitucional, de âmbito latino-americano, voltada ao
         estudo e apoio aos processos que vêm ocorrendo.
               Em síntese, a proposição é de que a área de saúde coletiva
         aprofunde sua análise a respeito das experiências em andamento.


               7. A construção de parcerias contra-hegemônicas entre estudantes,
         professores, profissionais dos serviços e usuários exige que esta se paute
         numa ética da saúde como função pública. Segundo Rodriguez Neto
         (1996), “(...) a celebração de alianças sólidas corresponde a uma nova ética
         de responsabilidade, de solidariedade e de qualidade”. Nos últimos anos
         vêm sendo publicados livros introduzindo o tema da bioética no cenário
         brasileiro e latino-americano (BERLINGUER, 1991; GARRAFA, 1995).
               Contudo, apesar de ter tudo a ver com os propósitos de mudança
         na educação, esta temática está praticamente ausente das propostas
         analisadas. Há breves referências a respeito, ainda marcadas pelo enfoque
         da ética deontológica, geralmente quando se aborda a dimensão atitudinal
         dos novos perfis profissionais preconizados. No entanto, o interesse que o
         tema desperta, principalmente entre os estudantes, indica um potencial de
         mobilização que não está sendo devidamente incorporado nos conteúdos
         das propostas de mudança.


               8. A proposta UNI, por ser a única dentre as analisadas que é
         operacionalizada através de projetos locais, corre o risco de cair “na
         armadilha da extensão” (MISOCZKY, 1993; BOTOMÉ, 1996). A maioria dos
          projetos situa-se, quanto à estrutura acadêmico-administrativa universitária,
          nos gabinetes dos reitores, dos diretores de centros de ciências da saúde,
          faculdades, escolas ou junto às coordenadorias de ensino, pesquisa ou
          de extensão. Dentre estes, alguns projetos estabeleceram acriticamente
          vínculos com as Pró-Reitorias de extensão das respectivas universidades.
          Outros, a exemplo da Bahia e de Rionegro, desenvolvem interações
          que vêm resultando em transformações das políticas de extensão das
          respectivas universidades como um todo.


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